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Deus não apoia a guerra, diz papa em aparente crítica ao patriarca russo

Papa Francisco visita hoje Nur-Sultã, capital do Cazaquistão; patriarca Kirill compareceria, mas cancelou - Pavel Mikheyev/Reuters
Papa Francisco visita hoje Nur-Sultã, capital do Cazaquistão; patriarca Kirill compareceria, mas cancelou Imagem: Pavel Mikheyev/Reuters

Philip Pullella

Nur-Sultã (Cazaquistão)

14/09/2022 12h23

O papa Francisco disse nesta quarta-feira que Deus não guia as religiões para a guerra, uma crítica implícita ao patriarca ortodoxo russo Kirill, que apoia a invasão da Ucrânia e boicotou uma conferência de líderes religiosos.

Em seu segundo dia no Cazaquistão, Francisco discursou no Sétimo Congresso de Líderes Mundiais e Religiões Tradicionais, um encontro que reúne cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, hindus e outras religiões.

Kirill compareceria, mas desistiu.

A Igreja Ortodoxa Russa (ROC) enviou uma delegação chefiada por seu número dois, o metropolita Anthony, que mais tarde se encontrou brevemente com o papa.

"Deus é paz. Ele nos guia sempre no caminho da paz, nunca no da guerra", disse Francisco, falando em uma enorme mesa redonda no Palácio da Independência, uma estrutura maciça e moderna feita de aço e vidro na capital da ex-república soviética.

"Vamos nos comprometer, então, ainda mais a insistir na necessidade de resolver os conflitos não pelos meios inconclusivos do poder, com armas e ameaças, mas pelo único meio abençoado pelo céu e digno do homem: encontro, diálogo e negociações pacientes", afirmou.

O papa, que neste ano disse que Kirill não poderia ser o "coroinha" do presidente russo Vladimir Putin, declarou na conferência: "O sagrado nunca deve ser um suporte para o poder, nem o poder um suporte para o sagrado!"

Kirill deu apoio à invasão da Ucrânia pela Rússia, a qual o patriarca vê como um baluarte contra um Ocidente que ele chama de decadente.

Mais tarde, Francisco mencionou a Ucrânia no final de uma missa para cerca de 6.000 membros da pequena comunidade católica do Cazaquistão, perguntando "quantas mortes ainda serão necessárias" antes que o conflito ceda ao diálogo.