Conteúdo publicado há 7 meses

Assassinatos atingiram recorde no mundo em 2021 com aumento do estresse após isolamento, diz ONU

Por Francois Murphy

VIENA (Reuters) - O número de assassinatos e outras mortes intencionais atingiu um recorde em todo o mundo em 2021, impulsionado em parte pelo estresse e pelas pressões econômicas dos isolamentos provocados pela pandemia de Covid-19, apontou um relatório da ONU nesta sexta-feira.

Cerca de 458.000 pessoas foram mortas intencionalmente no mundo em 2021, acima das 400.000 a 450.000 mortes intencionais registradas anualmente desde que os pesquisadores começaram a coletar os dados em 2000, de acordo com o Estudo Global sobre Homicídios do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

A escalada da violência política ou de facções criminosas no Equador, em Mianmar e em outros países teve um papel relevante no aumento, segundo o estudo. Mas os efeitos posteriores aos isolamentos da Covid, em que as pessoas ficaram confinadas em casa por longos períodos, também cobraram seu preço.

"O aumento perceptível de assassinatos em 2021 pode ser atribuído em parte às repercussões econômicas das restrições relacionadas à Covid", diz o relatório.

Inicialmente, as quarentenas que foram implementados em todo mundo a partir de 2020 podem ter reduzido o número de assassinatos, já que os homicídios ocorreram em grande parte dentro de casa e envolveram pessoas que moravam juntas, segundo o estudo.

Mas "a longo prazo, pode-se esperar que as repercussões sociais e econômicas negativas dos ´lockdowns´, que podem incluir aumento do estresse e da ansiedade, desemprego ou perda de renda, afetem as tendências de homicídios, criando um ambiente de 'tensão' que leva os indivíduos a cometer crimes", diz o relatório.

Na Colômbia, medidas rigorosas de confinamento impostas em março de 2020 levaram a uma queda acentuada, mas de curta duração, nos homicídios, segundo os pesquisadores. Isso foi seguido por um aumento em 2021.

AMÉRICAS TÊM MAIOR TAXA DE HOMICÍDIOS

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No geral, os países das Américas continuaram a ter a maior taxa de homicídios das cinco regiões globais — mais de seis vezes acima da Europa, que teve o número mais baixo.

Em 2021, oito dos 10 países com as maiores taxas de homicídios eram da América Latina e do Caribe, mostrou o relatório, citando fatores como facções criminosas competindo pelo controle de mercados, ausência do Estado de Direito e desigualdade social.

Honduras, Jamaica, Trinidad e Tobago e México ficaram entre os países com as maiores taxas de homicídio. Os dois países de fora da América Latina e do Caribe entre os 10 primeiros foram Mianmar e África do Sul.

No Equador, o governo atribuiu a onda de assassinatos a grupos do tráfico de drogas que usam o país como ponto de trânsito a caminho dos Estados Unidos e da Europa.

Em Mianmar, depois de derrubar o governo eleito de Aung San Suu Kyi em fevereiro de 2021, a junta militar que governa o país enfrentou resistência contínua por parte de milícias de oposição. Um relatório da ONU de 2022 afirmou que as tropas haviam cometido assassinatos em massa e atacado civis.

Os militares de Mianmar disseram que tinham o dever de garantir a paz e a segurança. Negaram que tenham ocorrido atrocidades e culparam "terroristas" por causarem distúrbios.

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O estudo sobre homicídios do UNODC, publicado a cada quatro ou cinco anos, analisou os acontecimentos até 2021, pois esse foi o último ano com um conjunto completo de dados.

O estudo afirma que analisou os assassinatos de uma pessoa por outra que foram intencionais e ilegais.

A "morte como resultado de atividades terroristas" foi incluída apesar da falta de uma definição internacional de terrorismo, e a maioria das mortes em conflitos foi excluída, embora "muitas vezes seja difícil separar" os tipos de assassinatos em situações de conflito que devem ser incluídos e aqueles que não devem, diz o estudo.

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