Acordo orçamentário para salvar coalizão de governo na Alemanha é possível, diz autoridade dos sociais-democratas
Por Andreas Rinke e Miranda Murray
BERLIM (Reuters) - No início de uma semana que pode ser fatal para o governo cambaleante da Alemanha, Matthias Miersch, secretário-geral do Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler Olaf Scholz, disse que está otimista em chegar a um acordo orçamentário com o ministro das Finanças, Christian Lindner.
Miersch afirmou esperar que os três partidos que formam a coalizão assumam suas responsabilidades e encontrem um caminho para superar a crise após Lindner, que é líder dos neoliberais Democratas Livres (FDP), surpreender seus parceiros de coalizão com uma proposta de cortes de impostos e disciplina fiscal como resposta ao mal-estar econômico da Alemanha.
"Estou otimista de que todos os partidos queiram criar estabilidade para este país em tempos difíceis", disse Miersch à televisão pública na segunda-feira. "Apoiar a economia, estimular investimentos e reduzir a burocracia: compartilhamos os mesmos objetivos."
A Alemanha precisaria especialmente de um governo estável se Donald Trump vencesse as eleições presidenciais norte-americanas desta semana, acrescentou ele, sem entrar em detalhes.
Scholz, que se reuniu com a liderança do seu partido e jantou com Lindner no final do domingo, deve conversar com o líder dos Verdes, o ministro da Economia Robert Habeck, na segunda-feira, preparando o terreno para várias reuniões de cúpula da liderança do governo.
Os três partidos estão em desacordo sobre uma resposta aos problemas estruturais enfrentados pela maior economia da Europa, cuja indústria automobilística está lidando com tensões trabalhistas e uma crescente ameaça competitiva dos rivais chineses.
Habeck propôs um programa de investimento que reaproveitaria os 10 bilhões de euros liberados pela decisão da gigante norte-americana de semicondutores Intel de desistir de um projeto de fábrica de chips apoiado pelo governo. Lindner defende cortar totalmente essa alocação orçamentária.
Ressaltando as tensões, os três partidos realizaram diálogos separados nos últimos dias.
"O governo alemão acaba de entrar em um novo estágio de uma crise política de combustão lenta que pode ser o último passo antes do eventual colapso da coalizão governamental", escreveu o economista sênior do ING, Carsten Brzeski.
Um colapso poderia deixar Scholz à frente de um governo minoritário até as eleições programadas para setembro de 2025, dependendo de maiorias parlamentares caso a caso para governar, ou de eleições antecipadas, que, segundo as pesquisas, seriam devastadoras para os três partidos.
As pesquisas mostram que o SPD e os Verdes teriam votações bem abaixo de seus resultados nas eleições gerais de 2021, enquanto o FDP pode ser totalmente expulso do Parlamento.
Os conservadores, com 36%, têm mais do que o dobro das intenções de voto de seu rival mais próximo, o Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita, com 16%.
(Reportagem de Thomas Escritt)
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