Oposição na Alemanha pede que Scholz realize voto de confiança imediatamente

Por Rachel More e Matthias Williams

BERLIM (Reuters) - A oposição conservadora na Alemanha pediu ao chanceler alemão, Olaf Scholz, que permita um voto de confiança no Parlamento imediatamente e realize eleições em janeiro, um dia após o colapso de sua coalizão tripartite e que mergulhou o país no caos político.

A coalizão se desfez na quarta-feira, quando anos de tensões atingiram seu ápice em uma disputa sobre como tapar um buraco de vários bilhões de euros no orçamento e como reavivar a maior economia da Europa, que está caminhando para seu segundo ano de contração.

O rompimento ocorreu um dia após a eleição do republicano Donald Trump para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos e pode prejudicar a capacidade da Europa de formar uma resposta unida sobre questões que vão desde possíveis novas tarifas comerciais dos EUA até a guerra da Rússia na Ucrânia e o futuro da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, disse que demitiu o ministro das Finanças, Christian Lindner, do partido fiscalmente conservador Democratas Livres (FDP) por se opor ao seu plano de suspender novamente o freio da dívida a fim de levantar mais fundos para a Ucrânia e para a economia.

Isso fez com que o FDP se retirasse da coalizão de governo, formada também pelo SPD e pelos Verdes. O chanceler disse que realizará um voto de confiança no Parlamento em janeiro. Ele provavelmente sairá derrotado dessa votação, o que provocaria novas eleições até o final de março -- seis meses antes das eleições originalmente programadas para setembro.

Friedrich Merz, líder da oposição conservadora, que lidera as pesquisas de opinião nacionais, disse que isso é tarde demais e que queria um voto de confiança imediatamente, "no máximo até o início da próxima semana".

As eleições poderiam ocorrer na segunda quinzena de janeiro do próximo ano, disse ele.

"Simplesmente não podemos nos dar ao luxo de ter um governo sem maioria na Alemanha por vários meses, seguido de uma campanha eleitoral por mais alguns meses e depois, possivelmente, várias semanas de negociações de coalizão", disse ele aos repórteres.

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"O tempo é essencial."

Merz disse que pediria a Scholz que acelere o voto de confiança em sua reunião com ele, marcada para o meio-dia.

Scholz pode ter que atender a esses apelos, uma vez que, devido ao fim de sua coalizão, ele terá que contar com maiorias parlamentares para aprovar quaisquer medidas sérias.

A crise política chega em um momento crítico para a Alemanha, com uma economia em declínio, infraestrutura envelhecida e um Exército despreparado. Mas também pode ser uma "bênção", dadas as tensões que assolaram essa coalizão, a primeira desse tipo em nível nacional, disse o economista do ING, Carsten Brzeski.

"As eleições e um novo governo poderiam e deveriam acabar com a atual paralisia de um país inteiro e oferecer uma nova e clara orientação e certeza política", disse ele.

Joerg Kukies, um alto funcionário da chancelaria alemã e vice-ministro das Finanças, foi escolhido para substituir Lindner como ministro das Finanças, informou um porta-voz do governo. Kukies, do SPD, é considerado um aliado próximo de Scholz.

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(Reportagem de Rachel More, Matthias Williams, Holger Hansen, Andreas Rinke e Sarah Marsh)

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