Votação no Parlamento da França nesta 4ª deve derrubar governo de Barnier
Por Benoit Van Overstraeten e Diana Mandia
PARIS (Reuters) - Os parlamentares franceses devem derrubar o governo com uma moção de desconfiança nesta quarta-feira, mergulhando a segunda maior potência econômica da zona do euro em uma turbulência política ainda maior.
A menos que haja uma surpresa de última hora, o governo do primeiro-ministro Michel Barnier será o primeiro da França a ser forçado a sair por votação de desconfiança em mais de 60 anos, em um momento em que o país está lutando para controlar um enorme déficit orçamentário.
Isso deixaria um buraco no coração da União Europeia, em um momento em que a Alemanha também está enfraquecida e em período eleitoral, semanas antes da volta do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, à Casa Branca.
Em uma entrevista para a TV na terça-feira, Barnier disse que ainda acreditava que seu governo poderia sobreviver à votação, marcada para a noite após um debate que começará às 16h (12h de Brasília).
Mas o chefe do Reunião Nacional (RN), de extrema-direita, Jordan Bardella, confirmou na quarta-feira que seu partido votará para derrubar Barnier ao lado de partidos de esquerda.
Ele disse que o otimismo de Barnier mostrava que o governo estava "completamente fora de contato com o que está acontecendo no país".
"Esse governo é perigoso para o meu país", afirmou ele à rádio France Inter. "Votaremos a favor da moção de desconfiança."
O ministro do Interior de Barnier, Bruno Retailleau, foi pessimista.
"Nada está acabado até a votação, mas podemos ver que estamos caminhando para a censura (do governo)", disse ele à CNews.
O presidente Emmanuel Macron, que obteve um segundo mandato em 2022, precipitou a crise ao convocar uma eleição parlamentar antecipada em junho.
Seu mandato como presidente vai até meados de 2027 e ele não pode ser forçado a sair pelo Parlamento, mas o RN e a extrema-esquerda já estão dizendo que ele deveria renunciar, à medida que enfrenta sua maior crise desde a agitação popular dos coletes amarelos de 2018-2019.
O projeto de orçamento de Barnier visava reduzir o déficit fiscal, que deverá ultrapassar 6% da produção nacional este ano, com 60 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos. Ele buscava reduzir o déficit para 5% no próximo ano.
Um governo interino poderia propor uma legislação de emergência para rever os limites de gastos e as disposições fiscais deste ano. Mas isso significaria que as medidas de economia de Barnier seriam deixadas de lado.
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