Zelenskiy critica premiê eslovaco após aprofundamento de crise por passagem de gás

Por Max Hunder

(Reuters) - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, acusou neste sábado o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, de abrir um “segundo fronte de energia” contra a Ucrânia a pedido da Rússia, em momento de aprofundamento de uma disputa entre os países pela passagem do gás natural russo.

O gás natural russo é bombeado pelo território ucraniano com destino a vários países europeus, incluindo a Eslováquia, mas a nação deve interromper o fluxo quando o atual acordo -- assinado antes da invasão de Moscou contra a Ucrânia -- expirar, no fim do ano.

Fico, que nesta semana visitou o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, afirmou na sexta-feira que a Eslováquia pode adotar medidas contra a Ucrânia com base no princípio da reciprocidade, caso Kiev interrompa o fluxo de gás a partir de 1º de janeiro. Uma das medidas que poderiam ser adotadas é o fim do envio de energia elétrica reserva para solo ucraniano.

“Aparentemente Putin deu a Fico a ordem de abrir um segundo fronte de energia contra a Ucrânia, em atitude contrária ao interesse do povo eslovaco”, escreveu Zelenskiy na plataforma X.

A Eslováquia quer manter a chegada do gás russo pelo território ucraniano, dizendo que rotas alternativas aumentariam os custos e prejudicariam as próprias operações de trânsito ucranianas, com uma perda de 500 milhões de euros em tarifas.

A Ucrânia disse que não assinará novo acordo com Moscou, em virtude da invasão lançada pela Rússia em fevereiro de 2022.

A Ucrânia foi forçada a importar eletricidade de vários vizinhos desde que a Rússia passou a atacar sua rede elétrica no fim de 2022, danificando ou destruindo grande parte da geração não-nuclear do país.

Zelenskiy disse que a Eslováquia atualmente fornece 19% das importações de energia ucranianas, e que o país está trabalhando com seus vizinhos da União Europeia para aumentar os suprimentos.

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"A Eslováquia faz parte do mercado único europeu de energia e a Fico deve respeitar as regras europeias comuns", escreveu ele, acrescentando que cortar o fornecimento de energia para a Ucrânia privaria a Eslováquia de 200 milhões de dólares por ano.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia disse em um comunicado que a Fico estava do lado de Putin ao fazer "ameaças sem sentido" para cortar as importações de energia da Ucrânia.

Desde que assumiu o cargo em 2023, Fico tem sido um dos oponentes mais declarados da UE em relação à ajuda militar à Ucrânia.

Após suas conversas em Moscou, Fico disse que Putin havia confirmado a disposição da Rússia de continuar a fornecer gás para a Eslováquia, embora isso fosse "praticamente impossível" quando o acordo de trânsito expirasse.

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