Macron adia reformas polêmicas e é comparado a ex-presidente Hollande
Organização do Islã na França, leis bioéticas, plano de economia orçamentária ou ainda a Saúde. Todas essas reformas foram adiadas por Macron. Para muitos analistas do país, esse é um sinal de fraqueza política. O adiamento do “plano de combate à pobreza” para o segundo semestre deste ano parece ser a gota d’agua.
Na quarta-feira (4), o chefe de Estado foi acusado de ter mudado o calendário de lançamento por causa da Copa do Mundo da Rússia. Isso porque a ministra das Solidariedades, Agnès Buzyn, declarou esperar a disponibilidade de Macron, que prometeu ir à Rússia caso os “Bleus” cheguem a semi-final, para dar andamento no plano. O Palácio do Eliseu se apressou em declarar que o adiamento do projeto nada tem a ver com a competição da FIFA e que respeita o prazo legal para que todos os argumentos sejam debatidos antes do anúncio em setembro.
Holande e Sarkozy
Para Yves Thréard, editorialista do jornal Le Figaro, Macron parece ter se tornado uma espécie de síntese dos dois últimos presidentes da França. “François Hollande foi muito criticado por sua incapacidade de tomar decisões, ele era um grande procrastinador, que deixa tudo pra depois. Já Nicolas Sarkozy foi criticado por sua impetuosidade, sua tendência em querer lançar todas as reformas de uma só vez. Como Sarkozy, Macron também parece ter a vontade de fazer tudo simultaneamente. Mas, como Hollande, também tem tendência de adiar cada vez mais projetos anunciados. Isso pode acabar levando a uma política ilegível aos olhos da opinião pública”, afirmou Thréard.
Para o jornal Les Echos, a incompreensão gerada pelo chefe de Estado se reflete nas últimas pesquisas de popularidade. A porcentagem de franceses que confiam na política do presidente passou, em menos de um mês, de 40% à 34%. O número de pessoas que não confiam em Macron chegou a 60%, progredindo de cinco pontos no mesmo período. “É um mês de recordes para Emmanuel Macron. Sua popularidade atingiu o nível mais baixo desde o começo de seu mandato e o mal-estar entre as categorias sócio profissionais e os territórios nunca foi tão forte”, declarou Bernard Sananès, presidente do instituto de pesquisa Elabe.
Já o jornal Le Monde lembra que, de fato, qualquer anúncio feito pelo governo poderia passar despercebido durante esta Copa do Mundo. Mas a imagem de “presidente dos ricos” fica mais forte a cada vez que Macron deixa os assuntos sociais para mais tarde.
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