Projeto de extração de ouro na Guiana Francesa vira "mina da discórdia"
A guerra pelo ouro da Guiana Francesa ganha manchete de capa esta semana da revista Aujourd'hui en France.
Neste sábado, 7 de julho, termina o prazo do debate público aberto no departamento ultramarino francês sobre o projeto de mineração chamado Montanha de Ouro (Montagne d'Or), próximo da localidade de Saint-Laurent-du-Maroni. Militantes ecologistas, indígenas, membros do governo, políticos locais, parte da população e o grupo de mineração de capital russo-canadense CMO, que aguarda o sinal verde para explorar a mina, situada numa zona de floresta primária da Amazônia, continuam em pé de guerra.
O ouro extraído seria utilizado na fabricação de computadores, telefones celulares e outros equipamentos para a indústria aeronáutica e espacial francesa. Se a iniciativa vingar, a exploração deverá começar em 2022, mas a partida ainda não está ganha para os defensores do projeto.
O eurodeputado Yannick Jadot, ecologista, visitou recentemente caciques da região. Os chefes tribais choraram ao descrever o grau de destruição que o empreendimento poderia causar à vida dos autóctones. Além do desmatamento de 800 hectares da floresta amazônica, a extração industrial causaria poluição do solo e das reservas naturais de água.
Aujourd'hui en France mostra que, em 12 anos, 85 toneladas de ouro poderiam ser retiradas da Montanha de Ouro. Mas essa estimativa é contestada pelo ministro do Meio Ambiente francês, Nicolas Hulot, que considera o projeto superestimado, inclusive em relação à criação de empregos. A oposição do ministro contrasta com a avaliação do presidente Emmanuel Macron, que vê vantagens para a população local e por isso lançou o debate público.
Extração legal não resolve problema do garimpo clandestino
Os defensores do projeto insistem no potencial de criação de empregos. Saint-Laurent-du-Maroni tem 42 mil habitantes, uma taxa de desemprego de 30% e de mais de 40% entre os menores de 25 anos. Se vencer a queda de braço, a empresa de mineração CMO promete criar 3.750 empregos diretos e indiretos. Mas a ONG WWF, que denuncia um desastre ecológico, diz que esse número é uma "miragem econômica".
Entre 2000 e 2010, a garimpagem ilegal explodiu ao redor da Montanha de Ouro. Os garimpeiros clandestinos, vindos principalmente do Brasil e do Suriname, seriam entre 5.000 e 10.000 pessoas, destaca a revista. "Eles vivem num mundo à parte, cercados de prostitutas e traficantes de armas." Na opinião do geógrafo François-Michel Le Tourneau, um especialista na região, os projetos de mineração legais não vão acabar com a garimpagem ilegal na Guiana Francesa. Os industriais visam o ouro do subsolo, enquanto os clandestinos correm atrás do ouro que está na superfície das rochas, de fácil acesso e rentabilidade imediata, conclui o geógrafo.
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