"Órfãos" de Ciro Gomes, cearenses se preparam para votar
"Ciro falou?" Essa é uma das principais frases que se houve nas ruas de Fortaleza, 6ª maior zona eleitoral do Brasil, nessa reta final da eleição. O ex-candidato à presidência pelo PDT, que governou o estado e foi prefeito da capital entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990 é uma referência - e uma influência -, mesmo tendo perdido o primeiro turno.
"Eu votei em Ciro Gomes, mas o bichinho não ganhou", comenta, ainda arrasado, o comerciante Gutemberg, no centro de Fortaleza. "Agora não sei se voto no Haddad ou no Bolsonaro. Vou decidir só no domingo".
Como ele, muitos esperam uma indicação do ex-governador, que desde sua derrota no primeiro turno tem evitado dar um apoio explícito a Fernando Haddad. Por essa razão, sua chegada no aeroporto de Fortaleza na noite de sexta-feira (26) era tão esperada.
Ciro, que estava na Europa há duas semanas, desembarcou na capital cearense aguardado por inúmeros apoiadores, que gritavam seu nome do saguão o aeroporto. Mas para a decepção dos que estavam por lá, o ex-governador não fez nenhuma declaração oficial e se contentou com um tímido "Ele Não".
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Durante a semana, o próprio presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, alimentou a expectativa ao declarar que o ex-governador gravaria um vídeo expressando seu apoio ao petista. Há rumores na cidade de que um discurso poderia ser feito até o final deste sábado, véspera da eleição.
Mas para Monalisa Soares, professora da Universidade Federal do Ceará e especialista em sociologia política, uma indicação de Ciro Gomes não mudaria muito o contexto nessa reta final. "Talvez o não pronunciamento de Ciro tenha mais impacto nos eleitores "neo-ciristas" do Sudeste e de outros espaços. As pesquisas indicam que a transferência dos votos (para o PT) já aconteceu", analisa.
Mas apesar da tradição petista no Nordeste e do fato de Ciro, em razão de seu histórico com o Ceará, estar mais inclinado para a esquerda no tabuleiro político, muitos cearenses se identificam com o discurso de Jair Bolsonaro, que ficou em terceiro no estado (21,74%), mas em segundo na capital. Basta andar em bairros mais nobres de Fortaleza, como Aldeota, para ver carros passeando com bandeiras do PSL ou ouvir moradores defendendo o candidato da extrema direita em conversas nos restaurantes.
"Tem um eleitorado da capital, que é mais suscetível à temática da descrença da política, do peso violência e da incapacidade que a esquerda apresentou em lidar com temas como a segurança. Tudo isso leva a uma atração por Bolsonaro, algo que acontece de norte a sul do país e o Ceará não está completamente imune a esse tipo de tentação", avalia Monalisa Soares.
Na noite de sexta-feira, enquanto alguns esperavam Ciro no aeroporto internacional, centenas de partidários de Haddad tomaram a praça Portugal, reduto dos bolsonaristas na Aldeota. Um sinal claro de que seus apoiadores querem ocupar todos os espaços, inclusive o dos rivais, para conquistar os últimos indecisos antes da abertura das zonas eleitorais na manhã deste domingo.
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