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Pintora brasileira radicada na França denuncia desmatamento da Amazônia em telas gigantes

30/10/2018 23h00

Dalva Duarte deixou Carolina, no Maranhão, há mais de 40 anos para perseguir um sonho: estudar na Escola de Belas Artes de Paris.

“Eu voltava dos Estados Unidos para a França, voltando para a minha pátria de adoção, e estava procurando um espaço grande porque eu já estava pintando os 24 Caprichos de Paganini, que é um trabalho de 92 metros, pintado dos dois lados”, conta. “Foi quando um amigo me convidou para conhecer a Ardèche (região Auverne-Rhône-Alpes) e fiquei apaixonada à primeira vista. Encontrei uma antiga fábrica de fio de seda em Saint Priest, cercada por montanhas, rios, cachoeiras. Então passei alguns anos transformando essa ruína em um ateliê de mil metros quadrados e uma galeria de 600 metros quadrados onde eu faço exposições”, completa.

Após 60 anos dedicados à pintura, Dalva Duarte resolveu retratar a sua própria terra.  Seu trabalho mais recente mede 14m de comprimento por 3,5m de altura e faz um alerta sobre a destruição da maior floresta tropical do mundo e o descaso com os povos indígenas brasileiros. Dalva conta que a inspiração veio da letra da música “Era uma floresta na altura do Equador”, interpretada nos anos 80 pelo cantor Xangai.

“Eu gostaria de fazer uma exposição para passar essa emoção que é a Amazônia e a destruição que está acontecendo agora. Desde que Xangai, em 1980, deu esse grito de alarme, continuam destruindo e é preciso um movimento dos artistas para despertar nas pessoas essa necessidade de defender a Amazônia.”

Para realizar essa obra colossal, a artista conta que precisou improvisar pinceis de 3 m de comprimento com pedaços de bambu. O trabalho composto por três telas de grandes dimensões unidas retrata a floresta, os índios e a destruição desse patrimônio natural do Brasil.

“Eu mostro uma transformação que vem ocorrendo nos povos indígenas, uma mutação”, alerta. “Nós temos que preservar o pulmão do mundo. É preciso dar esse grito para parar de cortar a Amazônia. Parar de comercializar a madeira. Tem gente ficando rica cortando as árvores, vendendo madeira e isso é um crime”, denuncia. “Tem uma urgência em mudar, não só com discursos em simpósios, mas os nossos dirigentes também precisam agir, colocar normas para que o planeta que nós vamos deixar para as próximas gerações esteja mais sadio”, diz com esperança.     

 Veja a entrevista completa no vídeo abaixo.