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Renúncia da líder do Partido Social-Democrata enfraquece governo de Merkel na Alemanha

02/06/2019 14h35

A líder do Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha, Andrea Nahles, anunciou sua renúncia neste domingo (2), após a derrota da sigla nas eleições europeias. A decisão enfraquece ainda mais a coalizão de governo de Angela Merkel, cujo Partido Democrata-Cristão (CDU) também enfrenta dificuldades a poucos meses das eleições regionais no país.

Andrea Nahles foi fortemente criticada devido ao péssimo resultado do SPD nas eleições europeias de 27 de maio. O partido registrou nas urnas o pior resultado de sua história, ao receber apenas 15% dos votos, ficando atrás dos Verdes (20%). "As discussões dentro da bancada parlamentar e as muitas reações do partido mostraram que não conto mais com o apoio necessário para exercer minhas funções", afirmou Nahles em um comunicado.

A primeira mulher a liderar o SPD deixa o cargo dois dias antes de uma votação interna que decidiria seu destino. Ela também renunciou ao mandato de deputada, informou um porta-voz do partido.

Desde que assumiu o cargo, ela teve que suportar críticas e a perseguição dos rivais que desejavam que o SPD abandonasse a coalizão de governo. Sua saída da liderança pode acelerar a decomposição do Executivo alemão.

Merkel promete continuidade

A chanceler Angela Merkel prometeu que o governo continuará com seu trabalho. "Quero dizer em nome do governo que continuaremos com nosso trabalho com toda seriedade e com grande responsabilidade", afirmou.

Muitos políticos do SPD defendem o fim da aliança formada com o CDU da chanceler, o que poderia provocar eleições antecipadas e o fim prematuro do governo de Merkel, que tem mandato até 2021.

Os social-democratas haviam programado tomar uma decisão sobre a questão em setembro, no momento de eleições regionais delicadas em três regiões da ex-Alemanha Oriental. Nestes "Länder", o partido de extrema-direita AfD espera ter o dobro de votos do CDU.

Voltar à oposição

A coalizão de governo, conhecida como "GroKo", formada em 2018 apesar da rejeição de parte do SPD, parece mais ameaçada do que nunca. A situação é admitida até mesmo por alguns de seus defensores.

"Aos que comemoram sua saída: é uma grande perda para a política alemã. Nahles defendia a existência da GroKo, cuja estabilidade está agora em questão", lamentou Harald Christ, vice-presidente do fórum econômico do SPD.

Desde 2017 e o catastrófico resultado nas legislativas, a vontade de voltar à oposição ganha força dentro do partido mais antigo da Alemanha. Um dos pesos pesados do SPD, Olaf Scholz, vice-chanceler e ministro das Finanças, afirmou à imprensa que a "GroKo" não deveria ser repetida depois de 2021, pois "três grandes coalizões consecutivas não beneficiam a democracia alemã".

CDU quer manter coalizão

O CDU expressou preocupação a respeito e afirmou que vai refletir sobre como seria possível manter a atual aliança. Mas a líder do partido, Annegret Kramp-Karrenbauer, que substituiu Merkel há um ano no cargo e é considerada uma possível sucessora da chanceler, também enfrenta momentos difíceis após as eleições europeias. Os democrata-cristãos venceram, mas com seu menor índice de votos na história das votações continentais.

Enquanto isso, o Partido Verde mantém sua ascensão. Uma pesquisa divulgada no sábado (2) mostrou a formação pela primeira vez na liderança das intenções de voto a nível nacional com 27%, à frente da CDU (26%) e do SPD (12%).

(Com informações da AFP)