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Após Trump ameaçar China por danos da covid-19, Pequim denuncia "mentiras" dos EUA

Os presidentes dos Estados Unidos e da China, Donald Trump e Xi Jinping - Nicolas Asfouri/AFP
Os presidentes dos Estados Unidos e da China, Donald Trump e Xi Jinping Imagem: Nicolas Asfouri/AFP

28/04/2020 08h38

Depois que o presidente americano Donald Trump ameaçou, na segunda-feira (27), pedir uma compensação econômica à China pelos danos provocados pela pandemia de Covid-19, Pequim reage com força. Agora foi a vez da China acusar os políticos americanos de "contarem mentiras descaradas" sobre o novo coronavírus, num embate que parece longe do fim.

"As autoridades americanas ignoraram a verdade em várias ocasiões e proferiram mentiras descaradas", afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, que acusou Washington de "distrair a atenção pública" de seu programa "ruim" de prevenção e controle da pandemia.

"Nunca esqueceremos as pessoas que morreram de incompetência, ou talvez de outra coisa", disse o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, numa declaração que parecia estar direcionada a Pequim. O presidente sugeriu a possibilidade de pedir à China o pagamento de bilhões de dólares em reparação pelos danos causados pelo vírus, que apareceu primeiro na cidade de Wuhan.

Trump sabia da gravidade, diz jornal americano

De acordo com reportagem publicada no jornal The Washington Post, o presidente dos Estados Unidos recebeu advertências em várias ocasiões sobre os perigos do coronavírus, em janeiro e fevereiro. Os alertas, incluídos em relatórios confidenciais diários recebidos por Trump, foram feitos no momento em que o presidente conservador minimizava a ameaça da COVID-19.

Com base em declarações de funcionários e ex-funcionários não identificados da administração federal americana, o jornal afirma que as advertências constavam no resumo diário dos problemas mundiais e ameaças de segurança mais importantes enviado ao presidente. Durante semanas, os relatórios rastrearam a propagação do vírus e advertiram que a China estava suprimindo informações sobre a letalidade e facilidade de transmissão da doença, com menções às terríveis consequências políticas e econômicas, afirma o jornal americano.

De acordo com várias fontes ouvidas pelo The Washington Post, o presidente geralmente não lê os relatórios e detesta ouvir os resumos orais. Trump restringiu as viagens entre os Estados Unidos e a China no fim de janeiro, mas passou a maior parte do mês seguinte minimizando a ameaça. E só declarou emergência nacional pela pandemia de coronavírus em 13 de março, quando a Bolsa de Valores registrava forte queda e o número de casos aumentava em Nova York.

Mais de um quarto das mortes no mundo

Até a segunda-feira (27), os Estados Unidos registravam 56.144 mortes por coronavírus e 988.197 infectados, de acordo com balanço da Universidade Johns Hopkins. Mais de um quarto das 210.000 mortes da COVID-19 em todo o mundo foram registradas nos EUA.

Só nas últimas 24 horas, os Estados Unidos registraram 1.303 novas mortes por coronavírus, ainda segundo pesquisa da Universidade Johns Hopkins, que informa que o número de casos no país se aproxima de um milhão. Pelo menos 111.109 americanos se recuperaram da doença.