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Pesquisadores franceses treinam cães para detectar cheiro de coronavírus

Cachorros são treinados na França para detectar novo coronavírus - Pascal Pochard-Casabianca/AFP
Cachorros são treinados na França para detectar novo coronavírus Imagem: Pascal Pochard-Casabianca/AFP

02/05/2020 06h08

Se a experiência der certo, Inti, Nash, Onda e outros cinco cachorros franceses se tornarão verdadeiros agentes na luta contra o coronavírus. Veterinários e bombeiros de Ajaccio, na Córsega, começaram a treinar os animais para detectar um eventual odor do vírus, estimulados por experimentos de sucesso com outras doenças, como o câncer.

A pesquisa, batizada de Nosais, é coordenada pela Escola Nacional Veterinária de Alfort, na região parisiense, a mais renomada do país. A equipe busca auxiliar os cães a reconhecer odores particulares que possam ser emitidos por pacientes do coronavírus.

"Se conseguirmos validar essa experiência, o objetivo é viabilizar uma solução complementar aos testes que já existem", explicou Aymeric Bernard, veterinário e consultor cinotécnico do Serviço de Incêndios e Socorros do Sul da Córsega.

Sete pastores belgas e uma cadela da raça local Cursinu participam dos treinamentos. "Esses cães já são acostumados a procurar pessoas desaparecidas ou feridas em desastres como um desabamento", disse Bernard. Um dos pastores, da polícia, é educado em odorologia e tem experiência em buscar determinados produtos.

"Os hospitais precisam de vários tipos de testes confiáveis. Hoje, o teste PCR tem uma confiabilidade de 70%. Precisamos, portanto, poder cruzar esse exame com outros testes", explicou o diretor do hospital de Ajaccio, Jean-Luc Pesce, entusiasmado com a experiência. A Córsega foi uma das regiões francesas mais atingidas pela pandemia de covid-19.

Como funciona a experiência

Os hospitais da cidade coletarão cerca de 50 compressas colocadas durante alguns minutos sob as axilas de pacientes internados pelo coronavírus. "O interessante é que não há carga viral detectada no suor, logo não há risco de contaminação. O cachorro vai poder atuar de uma maneira segura", ressaltou o veterinário.

As compressas serão colocadas em frascos estéreis, que ficarão por alguns dias ao lado dos brinquedos favoritos dos cães. Os animais respirarão esse cheiro a cada vez que forem buscar seus brinquedos, e poderão associá-los ao odor.

Na sequência, os cachorros serão treinados a reconhecer uma compressa que tenha ou não o odor, sentando-se quando a resposta for positiva e permanecendo de pé quando não identificarem o cheiro. A cada vez que acertarem, serão recompensados com seu brinquedo. O treinamento deve se repetir cerca de 50 vezes por dia, nas próximas semanas.

Ao mesmo tempo, a Universidade de Corte, associada ao projeto, vai trabalhar na validação científica do protocolo, para avaliar se os cãs são mesmo capazes de identificar o odor da covid-19.

Experiências prometedoras

Os cães já são utilizados para detectar diversas doenças crônicas, como alguns tipos de câncer, malária e Mal de Parkinson. "Há pouco tempo, pesquisadores americanos usaram cães para identificar uma doença viral no meio bovino e os resultados foram muito bons", relembra Bernard.

Os primeiros resultados da experiência corsa são esperados para meados de maio. Na sequência, outras regiões francesas poderão repetir o treinamento, como na região parisiense ou em Marselha.

Outros países também desenvolvem projetos semelhantes, a exemplo da Alemanha, Reino Unido, Noruega, Canadá e Emirados Árabes Unidos.

Com informações da AFP