Topo

Anistia Internacional acusa Al-Assad e Moscou de crimes de guerra contra civis sírios

11/05/2020 13h20

A ong Anistia Internacional acusou nesta segunda-feira (11) o regime sírio e seu aliado russo de "crimes de guerra", após ter documentado 18 ataques realizados durante o ano passado contra escolas e hospitais no noroeste da Síria.

A região, onde fica a província de Idlib, último grande núcleo jihadista e rebelde do país em guerra, beneficia de um cessar-fogo precário desde o fim de março, após vários meses de ofensiva do regime, que é apoiado pela aviação de Moscou.

A operação relançada em dezembro foi acompanhada de ataques aéreos cotidianos e expulsou quase um milhão de pessoas da região, segundo a ONU. De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), aproximadamente 500 civis morreram.

A Anistia Internacional afirma ter documentado 18 ataques contra instalações médicas e escolas, realizados pelo exército de Bashar Al-Assad ou pelas forças russas, entre 5 de maio de 2019 e 25 de fevereiro de 2020.

"As provas mostram que os ataques das forças governamentais sírias e russas documentados, violaram seriamente o direito humanitário internacional", afirma a Ong. "Essas violações equivalem a crimes de guerra", completa.

Ataques a civis

A maioria dos ataques contra Idlib e territórios rebeldes das províncias vizinhas de Alepo ou Hama, foram realizados em janeiro e fevereiro de 2020, "de maneira intencional" precisou a Ong. Os documentos também citam bombardeios russos nas proximidades de um hospital da cidade de Ariha em 29 de janeiro que destruíram ao menos dois prédios residenciais e mataram 11 civis.

Anistia Internacional acusa o regime de ter atacado uma escola na cidade de Idlib em 25 de fevereiro, com bombas de fragmentação, proibidas pela convenção de Oslo de 2010, matando três pessoas.

"A última ofensiva perpetuou um esquema odioso de ataques generalizados e sistemáticos, cujo objetivo era de aterrorizar a população civil", disse a diretora regional da organização, Heba Morayef, em um comunicado.

"A Rússia continuou a dar grande apoio militar [ao regime sírio] principalmente realizando diretamente os ataques aéreos ilegais". Este apoio "facilita" os "crimes de guerra e os crimes contra a humanidade cometidos pelo Exército sírio", completou.

Na região de Idlib vivem três milhões de civis, a maioria deles foi expulsa de outras regiões reconquistadas pelo regime.

A guerra da Síria começou em 2011 com a repressão por parte do poder de manifestações pró-democracia, já fez mais de 380.000 mortos e obrigou milhões de pessoas a deixarem suas regiões.