Palácio de Versalhes recebe menos de 20% do público e só com hora marcada
"É incrível. Temos o Palácio de Versalhes praticamente para gente". A reação de Geneviève Geveaux ao descobrir os jardins vazios de Versalhes ecoava os comentários dos poucos maravilhados com o passeio excepcional na manhã de sábado (21).
Um dos monumentos mais visitados da França reabriu suas portas em junho, mas agora recebe menos de 20% dos 27 mil turistas por dia habituais e só com hora marcada.
Para respeitar as novas regras de distanciamento social impostas pelo coronavírus, Versalhes teve de adaptar seu funcionamento. Para entrar no palácio de 63 mil m² agora só com hora marcada e apenas 500 pessoas por hora, em um máximo de 4.500 por dia.
A máscara é acessório obrigatório para os adultos dentro do castelo, que devem também manter a distância de um metro de outros visitantes e podem se servir de álcool gel em diversos pontos da visitação.
Um outro olhar
Os panfletos com o mapa do castelo e explicações em diversas línguas não estão à disposição. O visitante é convidado a baixar o aplicativo do museu em seu celular.
Os amplos salões abertos para a visita agora são divididos por um cordão para formar um sentido de circulação que não permita aos turistas se cruzarem.
A Galeria dos Espelhos, uma das principais atrações do castelo, não pode mais ser atravessada pelo turista que tenta se imaginar em um baile do rei Luís XIV, agora ela está cortada ao meio. O visitante entra por uma dezena de metros e é conduzido para a próxima sala, sem acessar o meio do salão.
A restrição, no entanto, criou um ponto privilegiado para fotos da galeria sem dezenas de outros turistas, onde todos os visitantes param e aproveitam a foto perfeita que normalmente não poderia ser feita.
Na galeria das Batalhas, o salão foi mais uma vez dividido em dois. Desta vez, é preciso primeiro percorrer todos os quadros do lado direito para só então voltar pela parte esquerda da galeria. Mistura-se a cronologia das guerras e da história da França mas, neste caso, a maior perda é a falta de bancos para sentar e descansar em um museu que exige uma longa caminhada. As perdas são irrisórias, no entanto, diante do privilégio de ter Versalhes em uma visita com pouco barulho e sem ter de brigar por seu espaço a cada cômodo.
"É uma nova forma de ver Versalhes", concorda a diretora do palácio, Catherine Pégard, em entrevista à Franceinfo.
No jardim, diversas fontes foram renovadas durante as onze semanas de confinamento obrigatório em que o museu e o parque ficaram fechados. O dourado e as cores de vários chafarizes estão mais reluzentes que nunca.
Financiamento terá de ser revisto
A redução no número de pessoas, que tanto atrai os franceses e primeiros turistas europeus que começam a chegar para o verão, coloca em alerta a diretora de Versalhes.
"Nosso modelo de negócios foi destruído da noite para o dia! Três números explicam isso: 80% dos visitantes são estrangeiros - liderados pelos norte-americanos seguidos pelos asiáticos; 70% de nosso caixa é composto pelas entradas; 87% da nossa verba é autofinanciamento", afirmou Pégard à revista Le Point.
No último final de semana, Versalhes deveria receber um grande Baile de Máscaras, as entradas custavam entre ? 98 (R$ 580) e ? 460 (R$ 2.700). O evento foi remarcado para 2021 devido à pandemia.
A partir de 1° de julho, a União Europeia reabrirá suas fronteiras para receber turistas de outras partes do mundo. O Palácio, no entanto, continuará com seus ganhos reduzidos devido às novas restrições, e precisará reinventar seu financiamento.
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