França bate novo recorde e sinaliza 'segunda onda' do coronavírus na Europa
Em meio a indícios de uma segunda onda do coronavírus na Europa, a França registrou novo recorde em sua curva de contaminação ao detectar, de sexta (9) para sábado (10), 27 mil novos casos. O número foi divulgado hoje (11) pela Agência de Saúde Pública do país. No total, 1.456 pacientes estão hospitalizados nas unidades de terapia intensiva, a maior alta registrada desde maio, após o confinamento.
No auge da epidemia, no início de abril, mais de 7.000 pacientes estavam hospitalizados nas unidades de terapia intensiva dos hospitais públicos franceses. Esse número caiu bastante até o final de julho. Depois, manteve-se estável entre 350 e 400 pacientes até o final de agosto.
Com o fim das férias no hemisfério norte e a volta às aulas em setembro, a alta tem sido constante e preocupa os profissionais da saúde. A capacidade máxima dos hospitais públicos franceses é de 5.000 leitos nas UTIs.
O número de casos graves, que necessitam intubação, são um parâmetro importante do nível de circulação do vírus, e vêm sendo acompanhados de perto pelas autoridades francesas.
Quando a covid-19 se propaga de maneira descontrolada, pode atingir muitas pessoas de mais de 65 anos e com patologias pré-existentes. Elas estão mais propensas às formas graves e o sistema de saúde pode, desta forma, ficar saturado, sem capacidade para atender pacientes crônicos para tratamentos ou intervenções cirúrgicas.
Na França, onde várias cidades estão em alerta máximo, como é o caso de Lyon e Paris, por exemplo, algumas operações não urgentes já começam a ser desmarcadas para receber os pacientes com a Covid-19. Atualmente, o número total de doentes hospitalizados na França, que engloba também formas moderadas da doença, é de 7.976 pessoas e sobe diariamente.
A taxa de testes positivos é, atualmente, de 11% no país. Nas últimas 24 horas, 54 pessoas morreram vítimas da doença: 32.684 desde o início da epidemia.
O governo vem multiplicando as restrições nas áreas mais atingidas, na tentativa de conter a circulação do vírus nas áreas mais críticas. A estratégia é manter um equilíbrio entre a economia e as medidas sanitárias, por períodos determinados e em função do nível de contaminação local.
É o caso de Paris, onde bares estão fechados desde a última terça-feira (5) e os restaurantes são obrigados a adotar um protocolo rígido. O Conselho Científico, que guia as decisões do governo, já alertou que confinamentos locais não estão descartados.
Europa multiplica medidas
Na Europa, onde mais de 6,2 milhões de contágios foram registrados e 240 mil pessoas morreram, as restrições aumentam para frear a propagação.
Na Alemanha, a maioria das lojas, bem como todos os restaurantes e bares, devem fechar das 23h às 6h, pelo menos até 31 de outubro. Com mais de 4.000 novos casos registrados oficialmente todos os dias, a chanceler Angela Merkel alertou que, se a disseminação da Covid-19 não se estabilizar em dez dias, o país tomará novas medidas.
No Reino Unido, o conselheiro estratégico do primeiro-ministro, Edward Lister, escreveu aos parlamentares do noroeste da Inglaterra, região particularmente afetada, dizendo que era "muito provável" a aplicação de regras mais rígidas em "algumas áreas". O primeiro-ministro Boris Johnson declarou neste domingo (11) que anunciará novas restrições para lutar contra a epidemia nesta segunda-feira (12).
Outros países europeus também registram aumento dos casos. A Polônia instituiu horários para os mais velhos irem às compras neste sábado (10) e instituiu a obrigatoriedade do uso da máscara nos locais públicos.
Na Dinamarca, diversos casos positivos também foram detectados em abatedouros de vison, usados para fabricar casacos de pele.
A Espanha também decretou estado de emergência sanitária em Madri parar frear as contaminações. A região registrou 10 mil contágios por dia, em média, nos últimos dias.
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