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Imprensa francesa: Eleições foram "severa advertência" a Bolsonaro, que perde apoio para 2022

Bolsonaro gravou vídeo em apoio a Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio; o candidato foi derrotado por Eduardo Paes (DEM) - Divulgação/Assessoria
Bolsonaro gravou vídeo em apoio a Marcelo Crivella (Republicanos), no Rio; o candidato foi derrotado por Eduardo Paes (DEM) Imagem: Divulgação/Assessoria

01/12/2020 10h09

Os jornais franceses desta terça-feira (1°) analisam os resultados das eleições municipais no Brasil e apontam que o principal perdedor do pleito foi o presidente Jair Bolsonaro.

"Na metade do mandato, Jair Bolsonaro recebe uma severa advertência nas eleições municipais", diz o jornal Le Figaro. Segundo o diário, o último mês de novembro ficará marcado como um dos piores para o presidente ultraconservador.

"Da derrota de seu aliado Donald Trump à chegada da segunda onda de Covid-19 no Brasil, passando pelo tapa que recebeu nas eleições municipais, em três semanas, Bolsonaro acumulou fracassos e inconvenientes, um prenúncio de dias difíceis para o futuro do seu governo", afirma o correspondente do Le Figaro no Brasil, Michel Leclercq.

O segundo turno das eleições municipais, no último domingo (29), mostra o enfraquecimento da onda ultraconservadora que invadiu o Brasil em 2018, reitera a matéria. Dos cerca de 50 candidatos que Bolsonaro apoiou publicamente, cinco foram eleitos e apenas um em uma capital, Tião Bocalom, em Rio Branco - "uma severa sanção" ao presidente brasileiro, afirma Le Figaro.

Mesmo tom no jornal Les Echos, que publica "Bolsonaro perde apoio para as eleições presidenciais de 2022". Segundo Thierry Ogier, correspondente do diário em São Paulo, "o capital político do presidente brasileiro se desintegra". Um dos principais motivos é a má gestão da crise sanitária, a qual "Bolsonaro continua negando a gravidade", apesar dos mais de 170 mil mortos no Brasil, destaca Les Echos.

Para o jornal, a direita moderada e o centro são os maiores vencedores das eleições municipais no Brasil, conquistando grandes capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, mas também o interior do país. O cenário pode significar uma candidatura de centro direita competitiva contra Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022, afirma Les Echos.

Renovação da esquerda

O jornal La Croix destaca que a esquerda também tem um longo caminho a seguir se quiser se renovar. "Pela primeira vez desde a volta da democracia no país, em 1985, o PT não conseguiu conquistar nenhuma das capitais brasileiras", publica o diário.

A matéria sublinha, no entanto, que uma personalidade encarna boa parte da esperança na reconstrução da esquerda no Brasil: Guilherme Boulos, do PSOL. Embora tenha perdido a disputa em São Paulo para Bruno Covas, "seu bom resultado no primeiro turno faz desse carismático militante de 38 anos uma nova figura a ser seguida no cenário político nacional", conclui o jornal La Croix desta terça-feira.