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Irã e Rússia, tradicionais rivais dos EUA, celebram a saída do "tirano" Trump, mas são céticos com chegada de Biden

20/01/2021 13h28

Os principais rivais dos Estados Unidos na arena internacional têm se mostrado moderados em suas expectativas quando à chegada de Joe Biden na presidência norte-americana. A Rússia e o Irã disseram que tudo vai depender da vontade política do novo chefe da Casa Branca, enquanto a China tem se mantido discreta. No entanto, alguns líderes não escondem o alívio com a saída de Donald Trump do poder.

Pouco antes da posse de Biden, o Kremlin declarou "vai continuar em busca de boas relações com os Estados Unidos" e que a chegada do novo presidente "não vai mudar nada" entre os dois países. Em um encontro com a imprensa, o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, disse que a melhora dos elos entre os dois países "dependerá da vontade política" de Biden e sua equipe.

Já o ex-chefe da antiga URSS, Mikhail Gorbachev, pediu claramente uma aproximação entre Washington e Moscou. "As relações atuais são fonte de uma grande preocupação. Infelizmente, é uma realidade. Mas isso também quer dizer que se tem de fazer algo para normalizar as relações", declarou. "Precisamos nos falar para que nossas intenções e nossas ações fiquem claras", continuou o ex-presidente de 89 anos, citando como exemplo sua experiência à frente da URSS.

Do lado do Irã, que rompeu relações diplomáticas com os Estados Unidos desde 1980, o governo afirma que a partir de agora "a bola está no campo" de Biden, e preferiu se concentrar em críticas visando Donald Trump. O presidente iraniano Hassan Rohani disse que o líder republicano "trouxe apenas problemas para seu próprio povo e para o restante do mundo".

"Tirano"

"A era de outro tirano chega ao fim e hoje é o último dia de seu terrível reinado", celebrou Rohani. "Ao longo de seus quatro anos, não deu outros frutos que não fossem a injustiça e a corrupção", completou o presidente iraniano, referindo-se à gestão Trump.

A China, que viveu uma guerra comercial com os Estados Unidos durante o mandato de Trump, não se exprimiu explicitamente sobre a chegada de Biden no poder nos últimos dias. No entanto, Pequim reagiu com veemência às críticas feitas pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, sobre a situação dos uigures na região de chinesa de Xinjiang (noroeste).

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos disse que a minoria muçulmana é alvo de um "genocídio" cometido por Pequim. Uma alegação classificada pelo governo chinês como uma "mentira absurda". A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, também acusou Pompeo de fabricar hipóteses "falsas e sensacionalistas", a poucas horas do fim do mandato do presidente Donald Trump.

Os futuros ministros de Joe Biden já avisaram que serão firmes diante de Pequim, mas também de Teerã. Mas os representantes do novo governo prometeram na terça-feira (19) romper com a diplomacia unilateral de Trump.