Impeachment de Trump: Senado americano inicia audiências em meio à profunda divisão da sociedade
Nesta terça (9), começam no Senado americano as audiências para o segundo impeachment do ex-presidente Donald Trump. Neste momento de profunda divisão na sociedade americana sobre o rumo político que os Estados Unidos devem tomar, esse processo histórico pode tanto ajudar os americanos a finalmente concluírem o tenso capítulo político dos últimos anos quanto causar ainda mais desunião.
Apesar de, segundo uma pesquisa da Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research, cerca de 66% dos americanos acreditarem que Trump é pelo menos parcialmente culpado pela invasão violenta do Congresso em 6 de janeiro, apenas 47% acham que ele deve ser condenado neste segundo processo de impeachment.
Não há dúvida de que a conduta de Trump depois de a vitória de Joe Biden ter sido declarada fez com que ele ficasse politicamente isolado. Mas, apesar de ele ainda contar com o apoio de boa parte da sua base, a maioria dos eleitores, independentemente de filiação partidária, está querendo deixar para trás a era Trump e seguir em frente.
Cerca de 40% dos americanos acredita que houve falcatrua na eleição de novembro passado. Mesmo assim, sonham com o começo de um muito desejado período de calmaria em Washington, agora que Trump passa os dias jogando golfe na sua propriedade Mar-a-Lago, na Flórida.
Comportamento contido
Trump está, de fato, com comportamento contido e não tem se manifestado sobre o impeachment. Isso pode ser um sinal de que ex-presidente também está cansado de fazer o papel de político e quer partir para outros empreendimentos.
Os democratas dizem que o processo inédito de impeachment de um presidente que não mais está no poder é necessário. Segundo eles, deixar de punir Trump pela sua participação na revolta e invasão do Congresso, que acreditam terem sido instigadas pelo ex-presidente, criaria um precedente perigoso.
Mas os democratas não estão apenas querendo punir o ex-presidente por motivos éticos. A real meta é conseguir que, com uma condenação, o Senado vote também por proibir que Trump possa vir a se candidatar novamente em eleições americanas.
Mesmo sendo inédito, o processo de impeachment do ex-presidente deve ser rápido. Nesta segunda-feira (8), em uma rara demonstração de bipartidarismo, Chuck Schumer, que comanda o Senado, e o senador Mitch McConnell, que agora é o líder da minoria republicana, concordaram quanto à estrutura do processo de impeachment.
Maioria simples
Nesta terça (9), os senadores votarão sobre a constitucionalidade do impeachment de um ex-presidente. Basta uma maioria simples de 51 votos para que o processo vá em frente, então isso já está garantido.
O Senado americano está dividido com 50 senadores democratas e 50 republicanos. Em caso de empate, a vice-presidente Kamala Harris tem o voto decisivo.
Os gestores do impeachment —que foram nomeados pela Câmara de Representantes, de maioria democrata— e os advogados de Trump terão, respectivamente, 16 horas para fazerem seus argumentos. Depois disso, os senadores terão quatro horas para questionar ambas as partes e decidirem se querem ouvir testemunhas.
Tanto democratas quanto republicanos não parecem interessados em prolongar o processo, portanto não devem chamar testemunhas.
Os senadores podem votar sobre o impeachment no próximo fim de semana ou, o mais tardar, no início da semana que vem. Trump não deve fazer uma aparição no Senado, o que é mais um sinal de que ele está tentando sair de cena na capital americana.
Precedente perigoso?
Há pouco mais de um ano, Trump sofria seu primeiro processo de impeachment. O Senado americano, então de maioria republicana, não condenou o presidente.
Agora, apesar da maioria democrata no senado, uma condenação é muito improvável. Cerca de 45 senadores republicanos devem, logo de início, se posicionar votando contra a constitucionalidade do segundo impeachment.
Em contraste com os democratas, os republicanos acreditam usar um processo político como o impeachment contra um ex-presidente pode criar um precedente perigoso. Segundo a liderança republicana, isso abriria a porta para a condenação de presidentes passados, o que se tornaria um teatro político sem fim.
Apesar de a maioria da liderança republicana, sem dúvida, estar aliviada de não ter mais de defender constantemente o comportamento errático de Trump, os senadores republicanos também sabem que votar por uma condenação seria dar um tiro no próprio pé.
Afinal, 74 milhões de americanos votaram pela reeleição de Trump e muitos deles desconfiam que os democratas querem punir não só o ex-presidente, mas também seus eleitores. É preciso ter 67 votos para uma condenação.
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