Covid-19: França realiza "show teste" com 5 mil pessoas e estuda reabertura das salas de espetáculo

Teste anticovid negativo e uso obrigatório de máscara: é desta forma que 5 mil pessoas assistirão neste sábado (29) a um "show teste" em Paris, com o objetivo de preparar a retomada dos eventos no segundo semestre deste ano. O grupo de rock francês Indochine subirá no palco do AccorHotels Arena, fechada desde março de 2020, a exemplo de todas as salas de espetáculos na França.

Um grande experimento científico: é desta forma que os participantes do show teste definem esse espetáculo. Um evento similar foi realizado no último mês de abril em Barcelona.

Até esta sexta-feira (28), todos os espectadores deverão ter feito um exame de antígeno e o resultado precisa ser negativo à Covid-19 para que possam entrar na sala. No sábado, antes de assistir ao evento, eles farão também um teste de saliva, que será repetido uma semana mais tarde. Para que todo esse protocolo seja colocado em prática, um verdadeiro laboratório foi instalado no local do evento. 

O estudo será realizado com dois públicos. De um lado, 5 mil pessoas que assistirão presencialmente ao show do grupo Indochine. Esses espectadores foram prré-selecionados, têm entre 18 e 45 anos, não sofrem de nenhuma doença grave e não fazem parte de grupos de risco. Em pé, eles poderão dançar de máscara e sem a necessidade de respeitar o distanciamento físico. De outro lado, 2.500 voluntários que fazem parte do estudo ficarão em casa.

O objetivo dos pesquisadores do sistema hospitalar público parisiense, responsável pelo experimento, é mostrar que basta ser testado negativo antes de um show para limitar a transmissão do vírus. "Nossa hipótese é que o número de casos positivos será próximo entre as duas populações [a presencial e a que ficou em casa]. Então, a retomada dos shows sem distanciamento poderia ocorrer, com um protocolo de testagem e deixando entrar somente as pessoas que tiverem diagnóstico negativo à Covid-19, até que a taxa de vacinação esteja suficientemente alta", explica à Franceinfo Constance Delaugerre, professora de Virologia no hospital Saint-Louis, em Paris, e coordenadora do estudo. 

Atualmente, a vacinação na França avança, mas menos de 15% da população está totalmente imunizada com as duas injeções necessárias.

Experiência crucial

Para os organizadores de eventos e espetáculos, a experiência é crucial. Embora cinemas e teatros tenham recomeçado a receber o público desde a nova fase de relaxamento das medidas contra a Covid-19, que entrou em vigor em 19 de maio, uma parte do setor continua impedida de retormar as atividades. Alguns festivais culturais poderão ser realizados durante os meses do verão no Hemisfério Norte, mas com frequentação limitada e espectadores sentados, o que levou muitos organizadores a cancelarem os eventos pelo segundo ano consecutivo. 

"Nos dizem que depois de 30 de junho poderemos começar a reprogramar os festivais com o público em pé, mas com um protocolo bem rígido, uma pessoa em cada 4m². Isso, para um setor que depende da venda de bilhetes, é impossível", diz Malika Seguineau, diretora geral do Sindicato do Espetáculo Musical, que participa do projeto do show teste de sábado. Para ela, o importante neste momento "é reconstruir um protocolo sanitário para a retomada das atividades no segundo semestre deste ano". 

Para o público, no entanto, o show teste é o presságio de uma volta à normalidade. "É o compartilhamento da felicidade, do prazer. Uma sensação de que poderemos a voltar a viver todos juntos", diz Marjorie Vandervaeren, de 36 anos, uma das voluntárias do experimento. 

Mesmo sem bar e um com o início do show marcado para as 17h, para que as pessoas possam retornar às suas casas antes do toque de recolher às 21h, "vai fazer um bem imenso", diz a francesa, cujo último espetáculo assistiu em 2019.