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Parlamento russo aprova lei que pode excluir opositores de Putin das eleições

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em cerimônia virtual de inauguração de centros médicos - Alexei Druzhinin/TASS via Getty Images
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em cerimônia virtual de inauguração de centros médicos Imagem: Alexei Druzhinin/TASS via Getty Images

Daniel Vallot

Correspondente da RFI em Moscou

02/06/2021 14h09Atualizada em 02/06/2021 14h52

Em mais um passo do avanço institucional contra a oposição na Rússia, o Senado do país aprovou hoje uma lei que proíbe a participação nas eleições de qualquer colaborador de organizações consideradas "extremistas".

Na prática, a regra pode manter todos os partidários de Alexei Navalny, principal opositor do presidente Vladimir Putin, fora das eleições legislativas marcadas para setembro.

Foram necessários apenas 15 minutos para concluir a votação. Com 146 votos a favor, uma abstenção e um voto contra, a Câmara Alta do Parlamento russo adotou definitivamente a lei que exclui das eleições todas as pessoas que tenham tido vínculos com uma organização "extremista".

O texto, que vai para a sanção presidencial, deve atingir em cheio o movimento de Alexei Navalny, prestes a ser classificado como extremista pelo sistema judiciário russo.

Para Helga Pirogova, eleita do parlamento de Novosibirsk, o único objetivo desta lei é "acabar" com a oposição.

"É totalmente ilegal e afetará muitas pessoas na Rússia. Não só os membros dessas organizações, mas também todos aqueles que as apoiaram no passado ou que simplesmente têm opiniões diferentes sobre a política do país", disse em entrevista à RFI.

Prisões de oponentes

A pressão sobre a oposição de Vladimir Putin continua a crescer a medida em que se aproximam as eleições parlamentares, marcadas para setembro. Nos últimos dias, duas figuras importantes da oposição ao presidente foram presas.

Andrei Pivovarov, ex-diretor da ONG Open Russia, foi preso dentro de um aeroporto e pode ser condenado a até seis anos de prisão por "participação nas atividades de uma organização indesejável".

Detido na segunda-feira (31) em São Petersburgo, Pivovarov tinha apoio para uma candidatura nas próximas eleições.

Ontem também foi preso Dmitri Goudkov, um ex-deputado da Duma e aliado de Alexei Navalny. Sob custódia policial, ele corre o risco de ser condenado a anos de prisão por uma acusação de falta de pagamento de aluguel.

Política do medo

Para os opositores, o governo tenta com esses movimentos institucionais amedrontar quem tente se colocar contra Putin. "Se eles tiveram a ousadia de enviar pessoas conhecidas como Andrei Pivovarov ou Dmitry Goudkov para a prisão, o que acontecerá com os outros? Eles querem limpar a cena política, para que nada fique de fora", acusa Pirogova.

No entanto, para ela, a aprovação da lei mostra que o governo de Putin passa por um momento de fraqueza. "Se eles votaram a favor desta lei, é porque o descontentamento da população está crescendo e eles têm medo de perder o poder", analisa.

Enquanto o governo russo mostra sua força institucional, a oposição busca manter seu espaço apontando a fragilidade de Putin.

Em uma mensagem publicada em seu Instagram após sua prisão, Pivovarov diz: "Há um plano para prender todas as pessoas com um ponto de vista diferente, mas essas pessoas já são a maioria".