Parlamento russo aprova lei que pode excluir opositores de Putin das eleições
Em mais um passo do avanço institucional contra a oposição na Rússia, o Senado do país aprovou hoje uma lei que proíbe a participação nas eleições de qualquer colaborador de organizações consideradas "extremistas".
Na prática, a regra pode manter todos os partidários de Alexei Navalny, principal opositor do presidente Vladimir Putin, fora das eleições legislativas marcadas para setembro.
Foram necessários apenas 15 minutos para concluir a votação. Com 146 votos a favor, uma abstenção e um voto contra, a Câmara Alta do Parlamento russo adotou definitivamente a lei que exclui das eleições todas as pessoas que tenham tido vínculos com uma organização "extremista".
O texto, que vai para a sanção presidencial, deve atingir em cheio o movimento de Alexei Navalny, prestes a ser classificado como extremista pelo sistema judiciário russo.
Para Helga Pirogova, eleita do parlamento de Novosibirsk, o único objetivo desta lei é "acabar" com a oposição.
"É totalmente ilegal e afetará muitas pessoas na Rússia. Não só os membros dessas organizações, mas também todos aqueles que as apoiaram no passado ou que simplesmente têm opiniões diferentes sobre a política do país", disse em entrevista à RFI.
Prisões de oponentes
A pressão sobre a oposição de Vladimir Putin continua a crescer a medida em que se aproximam as eleições parlamentares, marcadas para setembro. Nos últimos dias, duas figuras importantes da oposição ao presidente foram presas.
Andrei Pivovarov, ex-diretor da ONG Open Russia, foi preso dentro de um aeroporto e pode ser condenado a até seis anos de prisão por "participação nas atividades de uma organização indesejável".
Detido na segunda-feira (31) em São Petersburgo, Pivovarov tinha apoio para uma candidatura nas próximas eleições.
Ontem também foi preso Dmitri Goudkov, um ex-deputado da Duma e aliado de Alexei Navalny. Sob custódia policial, ele corre o risco de ser condenado a anos de prisão por uma acusação de falta de pagamento de aluguel.
Política do medo
Para os opositores, o governo tenta com esses movimentos institucionais amedrontar quem tente se colocar contra Putin. "Se eles tiveram a ousadia de enviar pessoas conhecidas como Andrei Pivovarov ou Dmitry Goudkov para a prisão, o que acontecerá com os outros? Eles querem limpar a cena política, para que nada fique de fora", acusa Pirogova.
No entanto, para ela, a aprovação da lei mostra que o governo de Putin passa por um momento de fraqueza. "Se eles votaram a favor desta lei, é porque o descontentamento da população está crescendo e eles têm medo de perder o poder", analisa.
Enquanto o governo russo mostra sua força institucional, a oposição busca manter seu espaço apontando a fragilidade de Putin.
Em uma mensagem publicada em seu Instagram após sua prisão, Pivovarov diz: "Há um plano para prender todas as pessoas com um ponto de vista diferente, mas essas pessoas já são a maioria".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.