Descoberta de novas covas clandestinas indígenas aumenta revolta no Canadá e igrejas são incendiadas
A revolta no Canadá contra a ação da Igreja Católica em relação aos indígenas não para de crescer. Mais duas igrejas foram incendiadas nessa quarta-feira (30). O ataque acontece no momento em que comunidades indígenas exigem que o papa peça perdão pelos abusos cometidos contra as crianças em internatos.
Nessa quarta, mais 182 túmulos sem nome de indígenas foram encontrados em uma terceira instituição escolar liderada pela igreja católica. Nos últimos meses, centenas de covas semelhantes, sem identificação, também foram achadas.
A nova descoberta gera reações no país. Dessa vez, os incêndios atingiram as igrejas de Morinville, ao norte de Alberta, e San Kateri Tekakwitha, na Nova Escócia. Ao total, já são oito as igrejas queimadas ou vandalizadas no país, a maior parte delas em comunidades indígenas. Na semana passada,o fogo atingiu dois templos católicos na Colúmbia Britânica. Os casos estão sendo investigados pela polícia.
Dívida histórica
Em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou que as "descobertas assustadoras" dos túmulos sem nome obrigam os canadenses "a fazer uma reflexão sobre as injustiças históricas e frequentes enfrentadas pelos povos indígenas". Trudeau solicitou a todos que participassem da reconciliação e condenou o incêndio de igrejas em todo o país. "A destruição de locais de oração não é algo aceitável ", declarou. "Devemos trabalhar juntos para corrigir os erros do passado. Todos têm um papel a cumprir", ressaltou.
Genocídio cultural
Até a década de 1990, cerca de 150.000 jovens indígenas, inuítes e mestiços foram matriculados à força em 139 internatos, a maior parte liderada por grupos católicos. Nessas instituições, os estudantes sofreram abusos físicos e sexuais de diretores e professores, além de terem sidos privados de sua cultura e de seu idioma.
Devido a doenças ou negligência, mais de 4.000 crianças e adolescentes indígenas morreram, segundo uma comissão de investigação que concluiu que o Canadá cometeu um genocídio cultural.
Na sexta-feira passada, Trudeau se desculpou pela política adotada pelo governo canadense. De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, o papa Francisco deve visitar o Canadá ainda este ano e apresentar um pedido de desculpas da Igreja.
A Federação de Nações Indígenas Soberanas (FSIN), que representa 74 povos indígenas em Saskatchewan, pressionou a Igreja para cumprir sua promessa de indenizar ex-alunos com 25 milhões de dólares canadenses (20 milhões de dólares americanos).
Com informações da AFP
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