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"Cinema é uma forma de pôr Brasil no mundo", diz brasileiro com curta premiado em Cannes

16/07/2021 13h56

Rodrigo Ribeyro, 24 anos, ficou em terceiro lugar na premiação de curtas da Cinéfondation, ligada ao Festival de Cinema de Cannes, com o curta "Cantareira".

 

"Cantareira" é a história de Bento, originário da Serra da Cantareira, ao norte da cidade de São Paulo. Ele tenta a vida no centro da capital, mas não se adapta e volta para casa. O filme acompanha esse retorno de Bento à casa e à família. O curta é um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) da Academia Internacional de Cinema, em São Paulo.

Para Rodrigo, uma das consequências de estar em Cannes "é a potencialização das pessoas envolvidas".  Ou seja, o de "empoderar" quem faz cinema no Brasil, uma ocasião para se "sentir forte", com filmes majoritariamente europeus.

"Mesmo com condições bem adversas, comparadas com às da 'galera' aqui, a gente consegue vir e ganhar um prêmio", diz Rodrigo. "'Cantareira' é um curta que só existe por causa de trabalho voluntário. "Isso por um lado é muito bonito, mas não é o ideal. As pessoas deveriam receber pelo que fazem - e bem", diz o cineasta.

"O cinema brasileiro se comprova e se renova constantemente como uma potência, mesmo lidando repetidamente com governos que tolhem a nossa criatividade", declara Ribeyro.

Pandemia aumenta incertezas

A pandemia acentua as dificuldades, diz Rodrigo. "As pessoas estão deprimidas", diz. Ele cita casos de pessoas que tiveram projetos aprovados por editais, mas que não conseguiram receber verbas. O cineasta lamenta, ainda, o fechamento da cinemateca, que guarda a memória do audiovisual, "de onde a gente vêm e para onde a gente vai".

"É preciso gostar muito de cinema para trabalhar nesse contexto", acrescenta.

Indignação

A situação política no pais deixa o cineasta indignado. "Espero que esse cara saia e que entre alguém que respeite o cinema.  Eles não sabem ou fingem que não sabem - cinema é extremamente importante no contexto político".

Para Rodrigo, cinema é uma forma de "softpower" muito bem utilizado por americanos e europeus. "Eles sabem da influência que o cinema tem, que isso ajuda a colocar um país no mundo".

Para ele é importante circular através do cinema pelo mundo, para "ser autônomo, soberano da nossa cultura e de nossa história".