Topo

Tóquio: atleta bielorrussa Krystsina Tsimanouskaya afirma ter sido forçada a deixar o Japão

02/08/2021 03h54

A atleta bielorrussa Krystsina Tsimanouskaya denunciou neste domingo (01) que foi forçada a suspender sua participação nas Olimpíadas de Tóquio e deixar o Japão, após criticar sua federação nas redes sociais. "Peço ajuda ao Comitê Olímpico Internacional, fui pressionada e eles estão tentando me tirar do país sem meu consentimento", revelou a atleta de 24 anos em um vídeo no Instagram.

Por Frédéric Charles, correspondente da RFI em Tóquio

"Peço ao COI que intervenha", acrescentou Tsimanouskaya. Segundo seu relato, ela foi transportada à força para o aeroporto por membros da equipe bielorrussa para embarcar em um voo da Turkish Airlines.

De acordo com a Fundação Bielorrussa de Solidariedade Esportiva, Tsimanouskaya se encontrava no Aeroporto Haneda, de Tóquio, no terminal 3, na noite deste domingo. "A atleta bielorrussa está sendo retirada à força de Tóquio", afirmou a fundação no Telegram, especificando ter solicitado a intervenção da força policial japonesa para impedir sua saída.

A fundação garantiu que a jovem havia sido colocada sob proteção policial e que um representante do Ministério das Relações Exteriores do Japão estava indo ao aeroporto para recebê-la. Tsimanouskaya pretende se candidatar a asilo político na embaixada austríaca em Tóquio, de acordo com a mesma fonte.

Nesta madrugada a velocista declarou estar "segura", sob proteção policial. "Estou segura e estamos decidindo onde vou passar a noite", disse a atleta em um comunicado publicado no Telegram pela Fundação Bielorrussa de Solidariedade Esportiva, especificando que estava em uma delegacia de polícia no aeroporto de Tóquio. As informações foram confirmadas pelo porta-voz do governo japonês Katsunobu Kato nesta segunda-feira (02). Krystina Tsimanouskaya finalmente passou a noite em um hotel no aeroporto de Haneda.

Críticas à federação bielorrussa

Por sua vez, o Comitê Olímpico Bielorrusso, chefiado por Viktor Loukachenko, filho do presidente Alexander Lukashenko, garantiu em comunicado que a desportista teve de suspender sua participação nos Jogos Olímpicos por "decisão dos médicos, devido ao seu estado emocional e psicológico". Uma declaração imediatamente qualificada como uma "mentira" pela atleta perante a imprensa que se encontrava no aeroporto.

Krystsina Tsimanouskaya criticou ferozmente a Federação Bielorrussa de Atletismo nesta semana, alegando que ela foi forçada a competir no revezamento 4x400m, quando inicialmente deveria correr 100m e 200m, porque dois outros atletas não conseguiram completar um número suficiente de controles antidoping, ela revelou. "Nunca teria reagido de maneira tão severa se tivesse sido avisada com antecedência, explicado toda a situação e perguntado se eu conseguia correr 400 metros. Mas decidiram tudo pelas minhas costas", escreveu ela em um post no Instagram.

Para Anatol Kotov, responsável pelos assuntos internacionais da fundação, "o que acabou de acontecer mostra novamente ao mundo que o regime bielorrusso não aceita qualquer tipo de crítica, porque a situação com Krystsina Tsimanouskaia era puramente uma questão esportiva e sem conotações políticas no início. As autoridades bielorrussas transformaram isso em um problema político. Até o momento, 30 atletas bielorrussos tiveram que fugir de seu país".

Durante meses, o regime de Alexander Lukashenko perseguiu e reprimiu implacavelmente oponentes, jornalistas e ativistas, com a esperança de derrubar definitivamente o histórico movimento de protestos de 2020 contra sua questionada reeleição para um quinto mandato.

(Com informações da AFP)