Coreia do Norte testa novo míssil de longo alcance: 'arma estratégica de grande importância'
A Coreia do Norte testou um novo modelo de "míssil de cruzeiro de longo alcance", anunciou hoje a agência estatal de notícias KCNA. O regime norte-coreano afirmou que essa é uma "arma estratégica de grande importância", provocando críticas dos Estados Unidos e dos países vizinhos.
Segundo a KCNA, os primeiros testes foram realizados no sábado (11) e domingo (12), supervisionados por funcionários de alto escalão do regime. Imagens publicadas pelo jornal norte-coreano Rodong Sinmun mostram o momento em que um míssil é ejetado de um veículo de lançamento. Nas imagens, uma bola de fogo realiza um voo horizontal.
Os mísseis voaram durante 7.580 segundos sobre a Coreia do Norte e suas águas territoriais, atingindo alvos a 1.500 quilômetros de distância, afirmou a agência nacional de notícias. A KCNA acrescentou que "a eficiência e a funcionalidade da operação do sistema de armas foram confirmadas como excelentes".
Para a agência, o desenvolvimento do sistema de mísseis tem "importância estratégica", dando à Coreia do Norte "outro meio de dissuasão" para se proteger e "conter fortemente as manobras militares das forças hostis".
Avanço na tecnologia bélica norte-coreana
Mesmo isolada e enfrentando várias sanções internacionais por seus programas nucleares e balísticos, a Coreia do Norte continua produzindo diversos tipos de armas e deixando a comunidade internacional em alerta.
Pyongyang não executa um teste nuclear ou lançamento de míssil balístico intercontinental desde 2017. Os exercícios do fim de semana foram os primeiros do país desde março e aconteceram pouco depois de um desfile em Pyongyang para celebrar o 73º aniversário da fundação do país.
Para analistas, a nova arma representa um avanço importante na tecnologia bélica norte-coreana, que aumenta sua capacidade de evitar sistemas de defesa internacionais.
Jeffrey Lews, do Middlebury Institute for International Studies, escreveu no Twitter que estes equipamentos seriam capazes de lançar ogivas contra alvos "em toda a península da Coreia e no Japão". "Um míssil de cruzeiro de ataque em terra e com alcance intermediário é uma capacidade bastante séria", completou.
Ameaça para os países vizinhos
O exército dos Estados Unidos afirmou que os lançamentos representam "ameaças para os vizinhos da Coreia do Norte e outras nações". "Esta atividade evidencia que a DPRK [República Popular Democrática da Coreia, na sigla em inglês] continua desenvolvendo seu programa militar", destacou em um comunicado.
O governo japonês afirmou que está preocupado e indicou que um míssil deste alcance "representa uma ameaça à paz e à segurança do Japão e da região".
Já a Coreia do Sul anunciou uma "análise detalhada [dos lançamentos] em cooperação estreita com as agências de inteligência sul-coreana e americana". Na semana passada, Seul testou um míssil balístico de fabricação própria lançado por submarino, uma clara tentativa de medir forças com o vizinho do Norte.
Diálogo estagnado
As negociações sobre o programa nuclear norte-coreano com o governo dos Estados Unidos estão paralisadas desde 2019, quando as atrapalhadas iniciativas do então presidente Donald Trump fracassaram. Atualmente, Pyongyang não demonstra disponibilidade de abandonar o arsenal atômico. Além disso, rejeita frequentemente os esforços da Coreia do Sul para retomar o diálogo.
Sung Kim, encarregado pelo atual presidente americano Joe Biden para reiniciar as negociações com a Coreia do Norte, expressou diversas vezes sua vontade de realizar reuniões com representantes norte-coreanos. Mas, até o momento, a reaproximação segue em ponto morto.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirmou em agosto que Pyongyang parece ter reativado o reator nuclear de Yongbyon e alertou que se trata de um fato "profundamente preocupante". No entanto, o regime norte-coreano ignora as advertências.
Em janeiro, Pyongyang exibiu quatro mísseis durante um desfile militar supervisionado pelo dirigente Kim Jong Un. Na época, a KCNA afirmou que essa era a "arma mais poderosa do mundo".
*Com informações da AFP
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