Dois soldados ucranianos morrem em confrontos com separatistas pró-Rússia, diz Exército
Dois soldados ucranianos foram mortos neste sábado (19) na linha de frente dos conflitos com separatistas pró-Moscou, no leste da Ucrânia. Estas são as primeiras baixas entre militares, em mais de um mês de crise na fronteira com a Rússia. Outros quatro soldados ficaram feridos e estão hospitalizados, informou o Exército ucraniano em um comunicado, em que acusa os rebeldes de liderarem os bombardeios e de terem cometido 70 violações da trégua que deveria estar em vigor.
Um projétil explodiu perto do local onde estava o ministro do Interior da Ucrânia, sem deixar feridos. Os insurgentes, apoiados por Moscou, fazem um chamado à mobilização geral, aumentando o temor de que esses incidentes possam servir de pretexto para uma escalada militar por parte da Rússia.
França e Alemanha recomendaram, neste sábado, a retirada de todos os seus cidadãos da Ucrânia. A ordem para aqueles que se encontram nas áreas mais expostas ao risco de guerra, no leste do país, é para que saiam "imediatamente".
Voos cancelados
A companhia aérea alemã Lufthansa vai suspender os voos para Kiev e Odessa, a partir de segunda-feira (21). "A segurança dos nossos passageiros e tripulantes é a nossa maior prioridade", disse um porta-voz da empresa, acrescentando que os voos continuam agendados para este fim de semana, a fim de atender as pessoas que pretendem sair do país.
Já a companhia aérea Air France mantém seus voos para a Ucrânia, pelo menos "por enquanto", de acordo com um porta-voz da empresa. "O próximo voo para Kiev está marcado para domingo (20), às 9h40. Estamos monitorando a situação de perto, é claro, mas por enquanto o voo está mantido", informou o funcionário, acrescentando que outro voo direto está programado para terça-feira (22).
Neste sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, supervisionou exercícios militares de larga escala, com lançamento de mísseis balísticos e de cruzeiro, capazes de transportar cargas nucleares. O risco crescente de um conflito armado, no coração da Europa, fez os chanceleres do G7 convocarem uma reunião extraordinária, paralela à Conferência de Segurança que ocorre em Munique, na Alemanha.
Ucrânia pede calendário de adesão à Otan
Em viagem à Alemanha, onde tem vários encontros bilaterais marcados, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, exigiu um calendário "claro" de adesão à Otan. "A Ucrânia é o escudo da Europa contra a Rússia", disse, pedindo ao Ocidente para abandonar a "política de apaziguamento" com a Rússia. "Durante oito anos, a Ucrânia reteve um dos maiores exércitos do mundo que está concentrado em nossas fronteiras", afirmou o líder ucraniano, durante a Conferência de Segurança de Munique.
A Ucrânia diz estar "preparada para todos os cenários possíveis", enquanto os Estados Unidos afirmam estar convencidos de que a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento. Em visita à Lituânia, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, declarou que as tropas russas concentradas na fronteira com a Ucrânia estão "se deslocando" e "se preparando para atacar" o país vizinho.
O ministro francês das relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, expressou a preocupação de Paris com o agravamento das tensões no leste da Ucrânia, onde forças governamentais e separatistas pró-Rússia se enfrentam. Le Drian alertou, neste sábado, que violações do cessar-fogo desrespeitam compromissos assumidos anteriormente.
Durante a Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, o premiê britânico, Boris Johson, apelou à "união dos aliados contra essa ameaça". Ele enfatizou sobre o "choque" que uma invasão representaria para todo o mundo. Já a Alemanha apelou aos ocidentais para não tentarem "presumir" as intenções da Rússia.
A China, por sua vez, fez um alerta para que as preocupações de Moscou sejam respeitadas.
Fortalecimento da Otan
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Haris, se reúne neste sábado com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, para demonstrar o apoio de Washington a Kiev. Na Alemanha, Harris alertou que a Otan se fortalecerá na Europa Oriental, no caso de um ataque russo. "Vamos impor pesadas sanções financeiras e controles de exportação. Vamos mirar nas instituições financeiras russas e indústrias-chave, além daqueles que são cúmplices nessa invasão sem motivo", afirmou a vice-presidente dos EUA.
Também presente em Munique, o Secretário-Geral da Otan, Jens Stoltenberg, falou sobre o fortalecimento da aliança do Atlântico Norte. "A Rússia tem enviado sistematicamente tropas para a fronteira com a Ucrânia, na maior operação militar desde a guerra fria. Não sabemos o que vai acontecer. Mas o risco de conflito é real. A Rússia está querendo reescrever a história. E se o desejo do Kremlin é ter menos Otan em suas fronteiras, o que vai ter é mais Otan. E se quiser dividir a Otan, só terá uma aliança ainda mais forte", concluiu.
(Com informações da RFI e da AFP)
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