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Com risco de boicote e sem atletas russos, Jogos Paralímpicos de Inverno começam em Pequim

04/03/2022 16h42

Os Jogos Paralímpicos de Inverno começaram nesta sexta-feira (4) em Pequim com um discurso celebrando a paz. O evento, que acontece em pleno contexto de conflito na Ucrânia, é realizado sem a presença dos atletas russos, excluídos na véspera da abertura da competição.   

"O século 21 foi feito para o diálogo e a diplomacia, e não para a guerra e o ódio", declarou o brasileiro Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (CPI) em seu discurso de abertura dos jogos. "Paz", bradou durante a cerimônia, que contou com a presença do presidente chinês Xi Jinping.

A flama olímpica foi acesa pelo atleta chinês Li Duan em um clima de tensão, já que até a véspera da abertura dos jogos a presença russa era uma incógnita. Há dois dias o CPI havia autorizado a delegação da Rússia a participar, mas com uma bandeira neutra. Mas finalmente, na quinta-feira (3), a instituição voltou atrás e excluiu os russos e bielorrussos, alegando que "outras equipes e atletas ameaçaram não participar" da competição.

"Para preservar a integridade dos Jogos e a segurança de todos os participantes, decidimos rejeitar as participações de atletas do RPC (Comitê Paralímpico Russo) e do NPC Belarus (Comitê Nacional Paralímpico de Belarus)", informou o CPI em um comunicado. "Garantir a segurança dos atletas é de suma importância para nós. A situação na vila olímpica está escalando e se tornou insustentável", completou a nota.

A decisão segue a tendência de outras competições esportivas, que também excluíram os atletas russos em razão de sua ofensiva na Ucrânia.

Sem Putin na arquibancada

Na abertura dos Jogos de Inverno, há exatamente um mês, a presença russa foi marcante, com os atletas desfilando orgulhosos diante do presidente Vladimir Putin, convidado de honra da cerimônia. O evento marcou o apoio de Pequim ao regime de Moscou. A tal ponto que um comunicado conjunto foi assinado na ocasião por Xi Jinping e Putin, confirmando a aliança dos dois países contra a Otan e a influência dos Estados Unidos na região.

Desta vez os aplausos foram para a delegação ucraniana, saudada com entusiasmo durante o tradicional desfile. "Nossa presença nos Jogos não é trivial. É um símbolo de que a Ucrânia foi, é e continuará sendo um país", declarou Valeriy Sushkevych, presidente do Comitê Paralímpico ucraniano. Para conseguir embarcar para Pequim, sua delegação teve que atravessar a Europa de ônibus em razão da ausência de voos na Ucrânia por causa da invasão russa.

Os Jogos Paralímpico de Pequim reúnem 564 atletas de cerca de 40 países. As competições vão até 13 de março e, segundo Andrew Parsons, esse será um momento de "mostrar, por meio do esporte, o melhor da humanidade".

O Brasil chega à sua terceira edição dos Jogos Paralímpicos de Inverno com um número recorde de competidores: serão seis representantes ao todo. E a chance de conquistar a primeira medalha da história do país na neve é grande. 

(Com informações da AFP)