Famílias de vítimas da explosão conseguem impedir destruição total de silos do porto de Beirute
Agora está decidido. Depois de muita negociação entre parentes das vítimas e o governo libanês, a parte sul dos silos do porto de Beirute será preservada como uma "testemunha silenciosa" da tragédia ocorrida em 4 de agosto de 2020, como desejado pelos familiares.
Com o correspondente da RFI em Beirute, Paul Khalifeh
As autoridades libanesas voltaram atrás, nesta quarta-feira (17) da decisão tomada em abril de 2022 de demolir completamente os silos do porto de Beirute, fortemente danificados durante a explosão, dois anos atrás. Esta medida havia provocado a indignação de parte da opinião pública e das famílias das vítimas do desastre, que deixou 220 mortos e 6.500 feridos.
Um acordo alcançado entre o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, e dois deputados próximos às famílias das vítimas indica a demolição da parte norte dos silos, que ameaça desabar devido a um incêndio que começou no início de julho.
A demolição desta parte, cuja inclinação em relação ao resto da estrutura está bem visível, permitirá limpar os escombros e extinguir o fogo que consome centenas de toneladas de cereais podres, devido ao calor e à fermentação.
O fogo enfraqueceu a imponente estrutura de concreto e uma parte dela desabou em 31 de julho. Vários cilindros caíram em 4 de agosto, durante uma marcha para marcar o 2º aniversário da explosão. Nos últimos dias, o fogo voltou a aumentar, reforçando os temores de um terceiro colapso.
Construídos na década de 1960, com capacidade para 120 mil toneladas, os silos de Beirute estão ligados à memória da cidade. A enorme estrutura de concreto conteve, em parte, o impacto da explosão de 2.700 toneladas de nitrato de amônio, poupando a parte oeste da capital da destruição que atingiu os setores orientais.
Dois anos depois, nenhuma condenação
O material explosivo estava armazenado no coração de Beirute desde 2013. Os familiares das vítimas exigem justiça, mas os responsáveis ??pelo desastre continuam atrapalhando o processo judicial.
A explosão do porto da capital libanesa causou, em poucos segundos, mais danos do que a guerra civil em 15 anos.
Durante os primeiros dias após a explosão, milhares de pessoas se manifestaram exigindo justiça. Pouco depois, os protestos foram se esvaziando. Mergulhados em uma crise econômica, os libaneses se preocupam com o pão de cada dia e foram voltando para as suas casas, ou o que restou delas. Dois anos depois, ninguém foi condenado pela explosão.
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