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Preços altos em cidade da COP27 dificultam presença de ativistas

11.nov.22 - Uma visão de um logotipo da cúpula do clima COP27 em Sharm el-Sheikh, Egito - MOHAMED ABD EL GHANY/REUTERS
11.nov.22 - Uma visão de um logotipo da cúpula do clima COP27 em Sharm el-Sheikh, Egito Imagem: MOHAMED ABD EL GHANY/REUTERS

Claire Fages

Enviada especial da RFI a Sharm El-Sheikh

13/11/2022 10h42Atualizada em 13/11/2022 12h13

O alto custo de produtos e serviços em Sharm-El Sheikh, cidade egípcia que sedia a COP27, parece reproduzir - que ironia! - as chamadas injustiças climáticas. A alimentação cara e o preço dos aluguéis neste balneário dificultam ou até mesmo inviabilizam a presença de ativistas, principalmente aqueles vindos de países mais pobres, que queiram participar da conferência da ONU para o clima.

E os valores praticados dentro das instalações da COP27 são ainda mais altos, parecendo querer deixar de fora do debate sobre as mudanças climáticas aquele que não puder pagar caro por isso, em uma clara demonstração que desigualdades sociais e climáticas andam mesmo lado a lado.

Lembrando que a reparação financeira por parte das nações mais industrializadas em benefício dos países mais pobres, os mais afetados pela crise climática, é um dos temas centrais neste encontro das Nações Unidas.

A experiência vivida por seis jovens africanos e europeus, da associação ATD Quart Monde, ilustra bem esta situação. "[É] Impossível encontrar um apartamento para dividir por menos de ? 1 mil (cerca de R$ 5,5 mil) por semana", sintetiza Solal Billon, um dos integrantes do grupo.

A primeira refeição feita por eles dentro dos limites do COP27 garantiu outro momento de grande desgaste: "Nem todo mundo comeu aqui, pagamos ? 100 por três sanduíches, três refrigerantes, três sucos e três sobremesas", destaca o francês entre eles.

COP na África, mas sem africanos

Não por um acaso, seu colega queniano, Terry Kiarie, chama a atenção para a pouca presença de jovens africanos nesta COP... africana!

Já Elhadji Oumar Gueye, do Senegal, lamenta que os pobres, as maiores vítimas da injustiça climática, não sejam convidados a participar do debate. "Estamos aqui para pensar nas mudanças climáticas. Essa reflexão exige que todas as camadas sociais sejam representadas. Hoje, uma família que está em situação de pobreza tem seu depoimento a dar, mas não tem condições de estar aqui. Isso é realmente uma desigualdade. Talvez devêssemos pensar em como fazer isso no futuro", ele alerta.

Se as vozes das vítimas das injustiças climáticas no mundo ainda não estão sendo totalmente ouvidas, pelo menos os apelos de alguns dos seus representantes na COP27 parecem ter recebido alguma atenção: desde quinta-feira (10), os organizadores do evento reduziram pela metade o preço das bebidas comercializadas dentro das instalações que abrigam esta conferência do clima da ONU.