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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Mesmo sem água e energia, ucranianos voltam eufóricos à cidade desocupada

11.nov.22 - Pessoas comemoram após a retirada da Rússia de Kherson, no centro de Kyiv, Ucrânia - MURAD SEZER/REUTERS
11.nov.22 - Pessoas comemoram após a retirada da Rússia de Kherson, no centro de Kyiv, Ucrânia Imagem: MURAD SEZER/REUTERS

Do UOL, em São Paulo

13/11/2022 10h35

Depois de oito meses sob ocupação russa, os moradores da cidade ucraniana de Kherson começam a voltar para a região depois que, na sexta-feira (11), as tropas russas recuaram para o leste após forças ucranianas invadirem a cidade.

De volta à terra natal, os moradores não encontram água, conexão com a internet e energia ligada. Mesmo assim, quando uma equipe da CNN americana entrou na cidade, no sábado, o clima era de euforia.

Enquanto a equipe filmava ao vivo a praça central de Kherson, alguns moradores no meio da multidão cantavam o hino nacional, enquanto outros gritavam "Slava Ukrayini!", ou glória à Ucrânia.

"Nós nos sentimos livres, não somos escravos, somos ucranianos", disse a moradora Olga à rede de televisão.

Os moradores subiam no topo de prédios para erguer bandeiras do país. Os soldados que passavam pelo local eram recebidos com aplausos e até autografavam bandeiras.

Humilhante. A batida em retirada das tropas russas de Kherson é considerada pelos ocidentais um revés humilhante. Quando as tropas russas chegaram ao local, ainda no início da guerra, a cidade tentou resistir: muitos cidadãos desapareceram ou foram torturados, disseram os moradores.

"Ficamos aterrorizados com o exército russo, com os soldados, que podiam entrar a qualquer momento em nossa casa", disse Olga. "Basta abrir a porta, como se estivessem morando aqui, e roubar, sequestrar, torturar."

Mas agora o clima mudou. As pessoas se aglomeram na praça central da cidade recém-libertada, envoltas em bandeiras ucranianas, cantando e dançando a "liberdade para a Ucrânia".

"Todo mundo aqui está comemorando na praça. As pessoas estão vestindo a bandeira ucraniana, estão abraçando os soldados, saíram para ver como é ter liberdade", disse Robertson, outro cidadão ucraniano.

Já Katerina descreveu a libertação como o "melhor dia" de sua vida. "Nossa cidade é livre, minha rua é livre", afirmou.

Outro morador local chamado Andrew disse que estava muito feliz em ver soldados ucranianos.

"Acho que muitas pessoas foram mortas aqui. Só não sabemos ainda", disse ele sobre o período de ocupação.

Reconstruindo a cidade

Ainda neste sábado (12), os moradores de Kherson começaram as operações de localização e desarmamento de minas, reparação de infraestruturas danificadas, mas principalmente a documentação de "crimes" atribuíveis a Moscou na maior cidade do sul, cuja perda constitui um grande revés para o Kremlin.

Para Kiev, o Ocidente está a caminho de uma "vitória conjunta" sobre a Rússia após a reconquista de Kherson, onde o hino nacional ucraniano voltou a soar desde sexta-feira (11), após a retirada das tropas russas. Kherson, anexada no final de setembro por Moscou, foi a primeira grande cidade a cair após a invasão russa lançada no final de fevereiro.

Nas imagens transmitidas pelas forças armadas de Kiev, os ucranianos dançam em círculo, ao redor de uma fogueira, ao ritmo de "Chervona Kalyna", uma canção patriótica.

O chefe da administração militar ucraniana da região de Kherson, Yaroslav Yanouchevych, publicou diversos vídeos no sábado em que declara estar "muito feliz por estar aqui [em Kherson] hoje, neste momento histórico". Ele acrescenta que tudo está sendo feito para "voltar à vida normal". Atrás dele, pessoas reunidas na praça principal comemoram o retorno das forças ucranianas à cidade.

Não muito longe, na aldeia de Pravdyné, os vizinhos recebem de braços abertos os moradores que regressam. Alguns não conseguem conter as lágrimas. "Entendemos que os russos partiram porque nossos soldados estavam chegando. Chorei de felicidade, porque a Ucrânia finalmente foi libertada", conta Svitlana Galak, 43, que perdeu sua filha de 15 anos em um bombardeio na aldeia.

Seu marido, Viktor, 44, não quer nem ouvir falar dos russos: "Não queremos que voltem e atirem em todo mundo. Vamos viver como antes. Vivíamos em más condições, mas era a Ucrânia", afirmou.