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Irã: polícia lança uma nova campanha para monitorar uso do véu para as mulheres

Iranianos do Curdistão queimam hijab em protesto contra a morte de Mahsa Amini, morta após ser presa pela polícia da moral no Irã - SHWAN MOHAMMED/AFP
Iranianos do Curdistão queimam hijab em protesto contra a morte de Mahsa Amini, morta após ser presa pela polícia da moral no Irã Imagem: SHWAN MOHAMMED/AFP

Com informações da correspondente da RFI em Teerã, Siavosh Ghazi

03/01/2023 07h36Atualizada em 03/01/2023 08h28

Mais de 100 dias após a morte da jovem iraniana Mahsa Amini, presa pela polícia de costumes do Irã por uso incorreto do véu islâmico, as autoridades iranianas lançam uma nova campanha para fiscalizar o hijab (véu) das mulheres.

Desde o final de setembro, centenas de pessoas foram mortas durante os protestos que eclodiram no país e milhares de pessoas foram presas.

Segundo um responsável da polícia, citado pela agência de notícias Fars, esta nova campanha chama-se "Nazer-1", que significa "vigilância" em persa.

Se uma mulher dirigindo ou uma passageira de um veículo não usar o véu, o proprietário recebe uma mensagem pedindo que o hijab seja respeitado e que a desobediência não seja repetida.

Mensagens por telefone

Por enquanto, a polícia se contenta em enviar uma simples mensagem de texto (SMS) sem medidas punitivas ou multas.

Porém, vários parlamentares disseram, nas últimas semanas, que multas podem ser impostas aos infratores. Antigamente, o carro dos infratores ficava imobilizado por algumas semanas.

Após as manifestações que se seguiram à morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana de 22 anos, as autoridades do país anunciaram, no início de dezembro, o fim da polícia da moralidade que prendia mulheres e meninas vestidas de forma imprópria na rua.

Nas últimas semanas, contudo, vê-se cada vez mais meninas ou mulheres sem véu nas ruas, sem a intervenção da polícia. Vários clérigos conservadores pediram uma ação policial mais firme para impor o uso do acessório.

Pelo menos 448 pessoas foram mortas nos protestos no Irã, segundo um balanço da Iran Human Rights (IHR), uma ONG com sede em Oslo.

O aiatolá Ali Khamenei, autoridade máxima da República Islâmica, de 83 anos, acusa os Estados Unidos e seus aliados, como Israel, de fomentar "distúrbios" no país.