Jornal questiona se Lula foi vítima de erro judicial em acordo da Odebrecht
"Lula teria sido vítima de um dos mais graves erros judiciais da história do Brasil?"
Assim começa a reportagem publicada na edição impressa de hoje (11) do jornal francês Les Echos sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli de anular as provas de corrupção provenientes do acordo de leniência da construtora Odebrecht, no âmbito da operação Lava Jato, na quarta-feira passada (6).
O correspondente em São Paulo, Thierry Ogier, explica que o então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou 18 meses na prisão antes de ser liberado por irregularidades no processo e reeleger-se presidente, em outubro passado. De acordo com Dias Toffoli, citado pela reportagem, as provas foram obtidas por meio de "uma verdadeira tortura psicológica" e devem ser "descartadas".
Correligionários de Lula apressaram-se em brandir a "inocência" do líder da esquerda brasileira, cita o Les Echos, que ainda contextualiza os fatos dentro de um processo que se parece, segundo o ministro do STF, com "um golpe montado" e o "embrião dos ataques contra a democracia e as instituições" que se seguiram no Brasil.
Dinheiro devolvido
Já o ex-juiz responsável pela Lava Jato e hoje senador da República Sérgio Moro, que também foi ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro, reagiu dizendo que "a corrupção dos governos petistas foi real, que os criminosos confessaram os seus crimes e devolveram mais de R$ 6 bilhões à Petrobras".
Ainda segundo o Les Echos, o caso continua a gerar polêmica no meio jurídico. "Podemos ter críticas contra a operação Lava Jato, mas a corrupção é real e gravíssima no Brasil", afirma o procurador Roberto Livianu, também citado no texto, para quem a decisão monocrática de Toffoli é um golpe contra o combate à corrupção no Brasil. "Essa história nos entristece", completa ele.
Na prática, a decisão do ministro do STF Dias Toffoli tem força de lei, explica o diário francês, cabendo agora à presidente do STF, a ministra Rosa Weber, decidir se o assunto deverá ser abordado no plenário do Supremo. Se isso acontecer, os outros dez ministros deverão se pronunciar.
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