Irã: repressão moral continua um ano após morte de Mahsa Amini, jovem por causa de véu mal colocado
Há um ano, no dia 16 de setembro de 2022, morria Mahsa Amini, jovem curda agredida até a morte pela polícia moral do Irã, acusada de usar o véu islâmico de maneira incorreta. As revistas semanais francesas lembram o caso e analisam a situação política e social no país dos aiatolás.
A morte brutal de Mahsa gerou protestos por todo o país. A repressão matou mais de 500 manifestantes e milhares continuam na prisão. A polícia moral se manteve discreta durante algum tempo, mas a revista L'Express informa que ela está de volta às ruas de Teerã, com zelo reforçado para se certificar que as mulheres respeitam as vestimentas ditadas pela religião.
A revista Le Point mostra que as iranianas, mesmo assim, continuam resistindo, ousando andar pelas ruas da capital... de cabelos ao vento. Como Rojina, que insiste em não usar o véu e faz questão de postar selfies no Instagram, assim como tantas outras iranianas que se mostram em roupas decotadas ou justas, desafiando a polícia moral.
Essas mulheres recebem advertências pelo celular e são sujeitas a penas humilhantes, como lavagem de cadáveres e limpeza de banheiros, além de consultas psiquiátricas obrigatórias.
Escândalos
A revista L'Express lembra ainda que desde julho a moral iraniana foi virada de avesso, com a revelação de vários vídeos comprometedores de autoridades religiosas ou políticas em flagrantes de homossexualidade, ou adultério. Literalmente "em maus lençóis", retomando a manchete da reportagem.
A maioria dos vídeos foi postada no aplicativo Telegram por um jornalista iraniano exilado na Alemanha. A cada semana, um novo flagrante inflama as redes sociais iranianas, que não tardam em espalhar as imagens comprometedoras.
Quadrinhos em homenagem às mulheres
Já a revista L'Obs optou por destacar o álbum de quadrinhos "Mulher, Vida, Liberdade", slogan dos protestos após a morte de Mahsa Amini. A edição em francês da editora L'Iconoclaste é coordenado por Marjane Satrapi, com análises de especialistas sobre a região e 192 desenhos de 17 artistas.
Satrapi, nascida no Irã em 1969 e exilada na França desde 1994, é autora do HQ autobiográfico "Persépolis", um marco do gênero com milhões de cópias vendidas pelo mundo, além de versão para o cinema.
Sobre os objetivos da obra, L'Obs explica: "prestar homenagem a todas as combatentes da liberdade, colocar os eventos do ano passado em perspectiva dentro da história do país, além de desconstruir os clichês que possam ter o público ocidental".
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