Programa de investimentos do BID e Banco do Brasil na Amazônia terá R$ 1,2 bilhão para bioeconomia

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco do Brasil lançaram nesta quinta-feira (21), em Nova York, o "Programa de Bioeconomia para a Amazônia", uma linha de financiamento para projetos sustentáveis na região. As instituições devem liberar US$ 250 milhões, cerca de R$ 1,2 bilhão, em créditos do BID e do Fundo Verde do Clima.

 

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

A linha de crédito pretende incentivar a expansão de um modelo de desenvolvimento inclusivo e sustentável na região a partir de dois componentes. O primeiro é apoiar o desenvolvimento de bioempresas e de produtores rurais que fazem parte das cadeias de valor da bioeconomia da Amazônia.

"Quando a gente fala de bioeconomia, é extremamente abrangente. Eu tenho ali micro e pequenas empresas que nós podemos apoiar, iniciativas em bioeconomia. Nós temos agricultura familiar, agricultura de baixo impacto que a gente pode apoiar", explica Tarciana Medeiros, presidente do Banco do Brasil.

O segundo componente se refere ao financiamento de projetos de geração de energia a partir de fontes renováveis e à melhoria da conectividade em áreas urbanas, rurais e florestais da Amazônia Legal, com prioridade para localidades isoladas.

O anúncio foi feito durante uma reunião entre o presidente do BID, o brasileiro Ilan Goldfajn, e a do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros. O programa está alinhado ao pilar de bioeconomia do Amazônia Sempre, um programa holístico e guarda-chuva do BID para o desenvolvimento sustentável da região amazônica. 

"Quando a gente fala de infraestrutura sustentável, a gente fala de uma gama de projetos infinita", disse Tarciana. "É um momento especial. O primeiro componente é a urgência, o ponto de não retorno da Amazônia e do Clima", salientou Goldfajn. "Eu vejo o mundo olhando para o Brasil como parte da solução. É uma nova necessidade global", completou o presidente do BID, referindo-se ao ponto de inflexão da crise climática.

A liberação dos recursos ainda não tem uma data exata para acontecer. Goldfajn acrescentou que o banco dispõe de mais verbas que poderão ser elencados.

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Investir em infraestrutura e conectividade

O financiamento de projetos em uma região com problemas de conectividade exigirá investimentos também na área de infraestrutura. Tarciana, que trabalhou no Pará, considera essa uma grande oportunidade para uma maior inclusão social "Eu estou trazendo essas pessoas para o bioma econômico", afirmou, ressaltando a capilaridade e capacidade de distribuição desses fundos, já que o Banco do Brasil está presente em 97% dos municípios brasileiros.

O projeto está alinhado aos objetivos da Coalizão Verde, assinada em agosto, em Belém (PA), e que busca "promover soluções financeiras e condições propícias para criar e fortalecer atividades produtivas locais, além de impulsionar projetos social, ambiental e economicamente sustentáveis, respeitando as características locais e regionais", conforme a definição .

"São 20 bancos públicos na região amazônica. Isso é importante porque você tem países da região e você tem uma necessidade de inclusão maior e até de conectividade maior", frisou Ilan goldfajn.

Segundo o anunciado nesta quinta-feira, os interessados terão acesso a esta linha de crédito como a qualquer outra oferecida pelo Banco do Brasil. Mas o próprio banco também poderá acionar aqueles clientes que já apresentaram algum pedido de financiamento que se encaixe nos quesitos do crédito.

"Os clientes que têm programas em bioeconomia e para a transição para um modelo mais sustentável busquem e apresentem seus projetos ao Banco do Brasil. E nós não podemos esquecer que temos mais de 80 milhões de clientes. Nós sabemos onde eles estão e nós iremos buscá-los", encerrou Tarciana.

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