Atentado a bomba nas Filipinas durante missa católica deixa pelo menos quatro mortos
Pelo menos quatro pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas em um ataque a bomba neste domingo (3), durante uma missa católica no sul das Filipinas, uma região perturbada por uma insurgência, informaram as autoridades. A explosão ocorreu durante uma missa no ginásio da Universidade Estadual de Mindanao, em Marawi, a maior cidade muçulmana do país, declarou o chefe da polícia regional, Allan Nobleza.
O tenente-general da polícia Emmanuel Peralta confirmou que quatro pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas na explosão causada por um dispositivo explosivo improvisado. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelo ataque.
Em uma declaração, o presidente filipino, Ferdinand Marcos, condenou veementemente estes "atos insensatos e particularmente hediondos perpetrados por terroristas estrangeiros".
A Universidade Estatal de Mindanao também condenou, em um comunicado, este "ato de violência", se declarando "solidária" com sua comunidade cristã e com as vítimas "desta tragédia". A instituição de ensino suspendeu as aulas e ampliou sua equipe de segurança no campus.
I condemn in the strongest possible terms the senseless and most heinous acts perpetrated by foreign terrorists upon the Mindanao State University (MSU) and Marawi communities early this Sunday morning. Extremists who wield violence against the innocent will always be regarded as...
? Bongbong Marcos (@bongbongmarcos) December 3, 2023
"Símbolo de coexistência pacífica e harmonia"
De sua cama de hospital, Chris Honculado, um estudante de 21 anos, relata que a explosão ocorreu durante a primeira leitura da Bíblia na missa das 7h (horário local). "A explosão foi muito repentina e todos começaram a correr", disse ele. "Quando olhei para trás, havia pessoas deitadas no chão. Não sabíamos o que tinha acontecido, tudo aconteceu muito rapidamente."
Também hospitalizado, Rowena Mae Fernandez, 19, conta que não entendeu imediatamente a natureza da explosão, mas percebeu que as pessoas estavam fugindo do local. "Meu companheiro e eu também corremos, embora tenhamos desmaiado em determinado momento. Essa é a única coisa de que me lembro até sair do ginásio e cair novamente", ela descreve. "Meus amigos choraram porque viram meu ferimento."
O prefeito de Marawi, Majul Gandamra, exortou os membros das comunidades muçulmana e cristã a permanecerem unidos. "Nossa cidade é há muito tempo um símbolo de coexistência pacífica e harmonia, e não permitiremos que tais atos de violência ofusquem o nosso compromisso coletivo com a paz e a unidade", declarou Gandamra.
Retaliação
O atentado ocorre depois que um ataque aéreo militar filipino na sexta-feira (1) matou 11 militantes islâmicos da organização Dawlah Islamiya-Filipina, em Mindanao.
Um chefe do Estado-Maior das forças armadas filipinas, general Romeo Brawner, revelou que talvez se tratasse de um ataque realizado em retaliação a esta operação militar contra as organizações islâmicas Dawlah Islamiyah-Filipinas, Abu Sayyaf e Maute, no oeste de Mindanao.
"É uma perspectiva que estamos estudando", afirmou Brawner em entrevista coletiva. "Com base nas evidências que reunimos, um forte percentual aponta para Maute-Estado Islâmico."
Em maio de 2017, centenas de homens armados estrangeiros e militantes locais pró-EI Maute e Abu Sayyaf tomaram Marawi. O exército filipino recapturou a cidade em ruínas após uma batalha de cinco meses que custou mais de mil vidas.
"Há fortes indícios de um componente estrangeiro [no ataque de domingo]", declarou o secretário de Defesa, Gilbert Teodoro, a repórteres.
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Quero receberPacto de paz
Lanao del Sur e Maguindanao del Sur fazem parte da Região Autônoma de Bangsamoro em Mindanao Muçulmano. O ministro-chefe do governo de Bangsamoro, Ahod Ebrahim, disse que "condena estes atos atrozes e covardes", pedindo uma "investigação rigorosa".
Ataques de militantes a ônibus, igrejas católicas e mercados públicos são característicos da agitação que abalou a região durante décadas. Em 2014, Manila assinou um pacto de paz com o maior grupo rebelde do país, a Frente Moro de Libertação Nacional, pondo fim à sua sangrenta insurgência armada.
Mas pequenos grupos de insurgentes muçulmanos que se opõem ao acordo de paz continuam a existir, incluindo militantes que juram lealdade ao grupo Estado Islâmico. Rebeldes comunistas também operam na região.
(Com informações da AFP)
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