ONU faz apelo por ajuda humanitária de US$ 46 bilhões em 2024
A ONU fez um apelo nesta segunda-feira (11) à comunidade internacional para obter US$ 46,4 bilhões. Segundo a organização, esse é o valor que falta para conseguir ajudar 180,5 milhões de pessoas em todo o mundo, diante das perspectivas econômicas pessimistas para 2024.
Sem financiamento suficiente, "as pessoas pagarão com suas vidas", alertou a ONU nesta segunda-feira. Segundo a organização, neste ano, além de Gaza, o Oriente Médio, o Sudão e o Afeganistão também se beneficiaram de grandes operações de ajuda internacional.
Mas a queda nas doações pode comprometer a distribuição de ajuda no próximo ano, em comparação a 2023, o que não ocorre desde 2010.
"Os humanitários estão salvando vidas, combatendo a fome, protegendo crianças, evitando surtos de doenças e fornecendo abrigo e saneamento em situações desumanas", lembrou o chefe de operações humanitárias da ONU, Martin Griffiths, em um comunicado. "O apoio da comunidade internacional não é proporcional às necessidades", frisou.
A ONU pediu US$ 56,7 bilhões em doações em 2023, mas recebeu apenas 35% desse valor, o que não ocorria há anos. Ainda assim, as agências da organização forneceram assistência e proteção a 128 milhões de pessoas. Sem recursos suficientes, a ONU deverá se concentrar nas necessidades mais urgentes.
Arrecadação difícil
Griffiths reconheceu que o montante solicitado é elevado e provavelmente será difícil de arrecadar, já que muitos países doadores estão passando por dificuldades econômicas. Mas "sem financiamento adequado, não seremos capazes de fornecer assistência que salva vidas. E se não pudermos prestar essa assistência, as pessoas vão pagar com a vida", alertou.
O apelo por doações visa financiar operações em 72 países, sendo 26 estados em crise e 46 países vizinhos a eles que sofrem as repercussões dos conflitos, como o fluxo de refugiados. Entre eles estão Síria (US$ 4,4 bilhões), seguida por Ucrânia (US$ 3,1 bilhões), Afeganistão (US$ 3 bilhões), Etiópia (US$ 2,9 bilhões) e Iêmen (US$ 2,8 bilhões).
De acordo com o representantes da ONU, quase 300 milhões de pessoas podem precisar de ajuda até 2024. Mas as Nações Unidas concentrarão seus esforços em apenas 180,5 milhões deles, já que o restante pode obter assistência de ONGs e outras organizações, bem como dos próprios países.
Vítimas do clima
As primeiras regiões que se beneficiarão do pedido de fundos são o Oriente Médio e o Norte de África (13,9 mil milhões).
Griffiths também chamou a atenção para a situação em Mianmar, no Sudão e na Ucrânia, que atravessa um "inverno desesperado" em meio à guerra. Segundo ele, esses países não estão recebendo a atenção que merecem das capitais ocidentais.
Em relação à Venezuela, o responsável da ONU disse esperar que o diálogo político permita desbloquear os bens congelados e seja um "bom exemplo de diálogo que conduza a recompensas sociais".
No Afeganistão, diz, se os investimentos econômicos pudessem ser feitos sem perder de vista os direitos humanos, a comunidade internacional poderia evitar uma potencial ameaça de fome.
As necessidades relacionadas com os efeitos das alterações climáticas também estão aumentando, lembra. "Não há dúvida de que o clima compete com o conflito como motor de necessidades", disse. "O clima está deslocando mais crianças agora do que conflitos. Isso nunca foi o caso no passado."
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