EUA: "exército de Deus", comboio antimigrante de extrema direita, chega à fronteira com o México

O governador do Texas, Greg Abbott convidou outros treze governadores, todos republicanos, no domingo (4) para apoiar a sua recusa em deixar os guardas de fronteira cortarem arame farpado e outros sistemas que supostamente impediriam a passagem de migrantes. Senadores e deputados votam por pacote contra imigração ilegal e ajuda para Ucrânia e Israel. 
 

 

Com o correspondente da RFI em Houston, Thomas Harms, e AFP

Nos Estados Unidos, a política de migração americana é uma das principais questões da campanha presidencial. Enquanto uma lei de imigração está sendo negociada em Washington, o impasse entre as autoridades texanas e a administração Biden continua a desenrolar-se na pequena cidade de Eagle Pass.

Posando diante de dois veículos militares texanos e homens armados, o governador Greg Abbott esteve novamente na cidade de Eagle Pass, para transmitir a mensagem do Partido Republicano. A fronteira com o México estaria aberta e a administração Biden não estaria fazendo nada. "Agora que temos o controle desta área, nos últimos três dias, apenas três pessoas entraram ilegalmente. Isso mostra que o Texas pode fazer o que o governo federal está encarregado de fazer e tem o equipamento para fazê-lo. Joe Biden: agora é a sua vez! ", exclamou Greg Abbott.

Segundo autoridades democratas eleitas da região de Eagle Pass, a chegada dos governadores é apenas uma simples operação de comunicação. Segundo elas, a queda nos números de passagem de fronteira deve-se, na verdade, às autoridades mexicanas que lançaram operações para reduzir o fluxo de migrantes. Já durante a visita de Mike Johnson, o líder dos deputados na Câmara dos Representantes, no início de janeiro, não houve imagens chocantes para mostrar, nem enormes filas de migrantes à espera de entrar nos Estados Unidos.

Mas a chegada dos governadores coincide com o comboio de mais de cem veículos do autoproclamado "exército de Deus" a uma fazenda a 30 minutos de Eagle Pass. Os organizadores desse comboio, denominado "Vamos retomar a nossa fronteira", esperavam milhares de participantes. Mas só compareceram de 200 a 300 pessoas.

Presença de radicais

O comboio se transformou em acampamento, organizado com discursos, orações, três batismos, mas também a presença da ex-governadora do Alasca e católica praticante Sarah Palin, Alex Jones, do site americano de extrema direita Infowars, do cantor Ted Nugent e de um bom número de representantes da maioria dos grupos radicais no país.

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Os residentes de Eagle Pass manifestaram-se em oposição à entrada, até então sem problemas, de grupos radicais na cidade e insistiram que se sentiam, pela primeira vez, inseguros na cidade.

Acordo sobre imigração

Senadores democratas e republicanos chegaram a um acordo também no domingo para endurecer a política migratória dos Estados Unidos, um texto que o presidente Joe Biden pediu para "ser adotado rapidamente". Ajudas para a Ucrânia e Israel também foram aprovadas.

As reformas da política de migração, objeto de debate acirrado entre negociadores republicanos e democratas vão receber ajuda de US$ 20,2 bilhões.

Os deputados e senadores também aprovaram US$ 60 bilhões para Kiev na guerra contra a Rússia e US$ 14,1 bilhões para Israel, de acordo com um resumo divulgado pela presidente da Comissão de Dotações do Senado, Patty Murray.

Para ser adotado, esse envelope de ajudas deverá ser aprovado no Senado, onde deveria, em tese, obter o apoio dos eleitos de ambos os partidos, e depois na Câmara dos Deputados. Mas o presidente da Câmara Mike Johnson, um apoiador leal de Donald Trump, alertou no final de janeiro que, sem modificações, novo financiamento para a ajuda à Ucrânia, bem como para o reforço da fronteira com o México, não vão sair do papel.

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