Defesa de Daniel Alves é considerada "frágil" e brasileiro deve ser condenado
Vários jornais europeus repercutem nesta quinta-feira (8) o último dia de julgamento do jogador Daniel Alves, em Barcelona. O atleta é acusado por uma jovem de estupro no banheiro de uma boate da capital catalã, na noite de 30 de dezembro de 2022. Para a imprensa francesa, "há poucas chances" de que o brasileiro não seja condenado.
"A frágil defesa de Dani Alves" é o título de uma matéria do jornal francês Le Parisien, que destaca o depoimento do jogador na quarta-feira (7). Em sua versão dos acontecimentos, o brasileiro "tentou explicar que não obrigou a vítima a ter uma relação sexual".
Le Parisien, que enviou um repórter a Barcelona para acompanhar o julgamento, relata que Dani Alves chorou durante o testemunho e ouviu "argumentos terríveis" da defesa da jovem que o acusa, "sem se abalar", descreve a matéria. O jornal também destaca a alegação de Alves garantindo que não é "um homem violento" e que não obrigou a nada a jovem. "Se ela queria ir embora, poderia ter ido a qualquer momento", afirmou o brasileiro.
O jornal esportivo L'Equipe ressalta que o jogador mudou quatro vezes de versão desde que foi acusado. Seu depoimento reforçou as declarações do amigo com quem estava na boate Sutton e da esposa, Joana Sanz. No Tribunal de Barcelona, o amigo Bruno afirmou que o ex-lateral do Barça e do PSG havia consumido uma grande quantidade de bebida alcoólica, e sua mulher assegurou que ele chegou em casa "cheirando a álcool", chegando a esbarrar em móveis.
"Alves estava tão embriagado a ponto de não se lembrar mais dos detalhes de sua relação com a suposta vítima?", questiona L'Equipe. O diário publica que durante 20 minutos o brasileiro descreveu a madrugada do 30 para o 31 de dezembro de 2022, garantindo que tudo o que ocorreu foi consensual, sob uma "excitação sexual" que ocorreu depois que a suposta vítima "se roçou contra ele" na área VIP da boate.
"Angústia e terror"
"Dani Alves nega estupro no final do julgamento na Espanha", afirma o diário britânico The Guardian. O diário britânico afirma que o atleta confrontou as acusações da advogada da jovem, que defende que ela foi forçada a ter relações sexuais com o brasileiro em um banheiro da boate, após pedir "repetidamente" para que ele a deixasse sair. "Angústia e terror" foram as palavras usadas pela defesa para descrever o sentimento da suposta vítima naquela noite, diz The Guardian.
Forte repercussão também na imprensa da Espanha, onde Alves atuou por vários anos, no Barcelona e no Sevilla. "Estávamos aproveitando" é o título da matéria do jornal La Vanguardia, reproduzindo uma das alegações do jogador. O diário El País também abre a reportagem sobre o testemunho com outra declaração do brasileiro: "Em nenhum momento, ela me pediu para parar".
Puxado pelas algemas
No final do último dia de julgamento, Alves deixou o tribunal como chegou, diz L'Equipe: "um policial o puxando pelas algemas, com o andar quase cambaleante, o rosto fechado e o olhar distante, sem dizer uma palavra aos jornalistas presentes no hall do Superior Tribunal de Justiça da Catalunha".
"O brasileiro de 40 anos voltou a dormir na prisão, seu cotidiano há mais de um ano", reitera o diário esportivo para quem há "poucas chances" de que Alves seja inocentado.
A promotoria pede nove anos de prisão para o jogador, além de um pagamento de € 150 mil e 10 anos de liberdade condicional após sua saída da prisão. Após três dias de um julgamento que atraíram grande atenção da mídia, os três magistrados do tribunal iniciaram a deliberação da sentença que pode demorar algumas semanas para ser anunciada.
L'Equipe também lembra que a defesa do brasileiro pode pedir que, enquanto aguarda a decisão, o jogador seja colocado em liberdade condicional. No entanto, a promotoria já parece descartar a possibilidade, temendo uma fuga de Daniel Alves, "já que a Espanha não tem acordo de extradição com o Brasil".
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.