Como declaração do papa sobre 'coragem' irritou a Ucrânia e caiu bem para Putin

O governo da Ucrânia disse neste domingo (10) que "jamais" vai levantar uma bandeira branca para Rússia, um dia após o papa Francisco pedir, indiretamente, para Kiev refletir sobre a possibilidade de negociar um fim para o conflito que já dura mais de dois anos.

"Negociar é uma palavra corajosa. Quando você vê que você foi vencido, que as coisas não funcionam, tenha a coragem de negociar", afirmou o sumo pontífice, ao ser perguntado sobre o futuro desta guerra, em uma entrevista à emissora suíça RTS.

"Eu acho que os mais fortes são aqueles que veem a situação, pensam nas pessoas e têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar", alegou Francisco.

Kiev reagiu. "A nossa bandeira é amarela e azul. É a bandeira pela qual nós vivemos, nós morremos e triunfamos", declarou o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, pela rede social X. "Nós não levantaremos jamais outras bandeiras", prometeu.

A Rússia chama a guerra de "operação militar especial" para garantir sua própria segurança. Kiev e o Ocidente a chamam de uma brutal guerra de conquista ao estilo colonial.

"É perfeitamente compreensível que ele (o papa) tenha falado a favor das negociações", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos repórteres quando perguntado sobre as falas do pontífice.

Peskov afirmou que o presidente Vladimir Putin falou repetidamente sobre a disposição e a abertura da Rússia para negociações, mas que a Ucrânia havia derrubado essas propostas.

"Infelizmente, tanto as declarações do papa quanto as repetidas declarações de outras partes, inclusive as nossas, receberam recentemente recusas absolutamente duras", disse Peskov.

A Rússia espera que, na mesa de negociações, os ucranianos aceitem a anexação dos territórios que já estão ocupados desde o início da guerra, enquanto a Ucrânia ainda tenta suportar militarmente o confronto para recuperar as regiões.

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Novos ataques

Enquanto isso, novos ataques russos contra a Ucrânia deixaram pelo menos três mortos e 12 feridos no leste do país, informou uma autoridade local nesta manhã. Do lado russo, uma mulher foi morta em um atentado à bomba da Ucrânia em um vilarejo russo, perto da fronteira.

"Durante a noite, os russos atacaram Dobropillia (cidade a cerca de 45 km do front) com Shahed (drones). Pela manhã, as equipes de resgate encontraram os corpos de duas pessoas sob os escombros de uma casa", declarou o chefe ucraniano da região de Donetsk, Vadym Filachkine.

Filachkine acrescentou que o exército russo também bombardeou pela manhã com artilharia a cidade de Chassiv Yar, localizada perto da frente de batalha na região de Donetsk, matando um homem de 66 anos.

Além disso, três mísseis russos S-300 atingiram a cidade de Myrnograd, ainda na região de Donetsk, deixando 12 feridos, entre eles um adolescente, continuou Vadym Filachkine. Nove prédios de apartamentos foram danificados no ataque, disse ele.

A Força Aérea Ucraniana também afirmou neste domingo que abateu 35 drones Shahed de fabricação iraniana, de um total de 39 lançados pela Rússia durante a noite em dez regiões no centro e no sul da Ucrânia.

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Ataque em cidade russa perto da fronteia

Na Rússia, uma mulher foi morta neste domingo em um bombardeio ucraniano que teve como alvo um vilarejo russo localizado a dez quilômetros da fronteira, informou uma autoridade local.

"Hoje, a aldeia de Koulbaki foi bombardeada pela Ucrânia", declarou o governador da região de Kursk, Roman Starovoit. "Um incêndio ocorreu em um prédio de apartamentos. Uma mulher morreu e seu marido ficou gravemente queimado."

O Ministério da Defesa russo informou que dois drones ucranianos foram destruídos na região de Belgorod.

No sábado (9), a Rússia afirmou ter destruído 47 drones ucranianos durante a noite, principalmente na região de Rostov-on-Don, na fronteira com a Ucrânia, um ataque que poderia ter como alvo, entre outros, uma fábrica de aviação.

A Ucrânia realiza regularmente ataques na Rússia, particularmente nas regiões mais próximas do seu território.

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(Com informações da AFP)

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