'Guru' de Putin apoia críticas de Elon Musk e chama decisões do STF de censura
O filósofo e cientista político russo Alexander Dugin, considerado "guru" do presidente da Rússia, Vladimir Putin, saiu em defesa do dono do X (antigo Twitter), Elon Musk, e endossou as críticas do bilionário ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, nesta segunda-feira, 8. Segundo Dugin, conhecido por defender um visão ultranacionalista de Estado, as decisões judiciais da Corte contra a plataforma, denunciadas por Musk neste final de semana, são "erradas e desastrosas".
"Acho que a decisão do Brasil de censurar o X é errada e desastrosa. É óbvio que é, por enquanto, a única rede global sem qualquer censura. Podemos odiar algo que está acontecendo com o X ou adorar. Mas a verdadeira liberdade é assim", afirmou o filósofo.
Dugin também disse que o X, de Elon Musk, é a única rede social capaz de "mostrar corretamente as coisas como elas são". "Obviamente, o X não é a verdade definitiva nem pretende ser. Apenas a boa e velha liberdade de expressão que perdemos em qualquer outro lugar".
No sábado, 6, Musk utilizou a sua rede social para acusar Moraes de infringir a Constituição brasileira. Segundo o empresário sul-africano, que detém a segunda maior fortuna do planeta, o ministro promove a censura em decisões judiciais.
O empresário também disse que o magistrado deveria renunciar à sua cadeira na Corte ou sofrer um impeachment. Em resposta, Moraes incluiu o bilionário como investigado no inquérito das milícias digitais por "dolosa instrumentalização" do X.
Dugin já esteve no Brasil duas vezes, fala português e fundou o Centro de Estudos da Multipolaridade, que estuda o conceito de que é preciso haver outras potências alternativas além do Ocidente, representado pelos Estados Unidos. Em abril de 2022, ele participou, através de uma videoconferência, de evento organizado pelo Laboratório de Estudos de Defesa e Segurança Pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Declarações já justificaram invasão da Ucrânia
As declarações de Dugin, que é conhecido na Rússia por seu viés ultranacionalista, foi ecoado por Putin após o início da guerra contra a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Em suas obras, Dugin afirmou que a civilização russa é uma sociedade euroasiática que "deve lutar por seu papel de protagonismo como potência mundial" e defendeu a invasão dos russos ao leste da Ucrânia em 2014. Naquela ocasião, o governo de Putin anexou a Península da Crimeia.
Desde então, Dugin virou alvo de sanções dos Estados Unidos por ações políticas que ameaçam a paz, a segurança, a estabilidade ou a soberania da integridade territorial da Ucrânia. O governo ucraniano também baniu vários de seus livros.
Dugin também é apontado como o ideólogo de uma série de políticas expansionistas promovidas por Vladimir Putin, como as operações russas no Cáucaso. Segundo o filósofo, é necessário a expansão da presença de Moscou para todas as regiões de influência histórica do povo russo — ideia que se tornou a base política de Putin.
Em março, o líder russo foi reeleito com 87,3% dos votos. A votação foi questionada por observadores internacionais por ter sido realizada em um ambiente rigidamente controlado, sem alternativas reais a Putin.
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