Ator Alec Baldwin enfrenta julgamento por homicídio involuntário durante filmagem

O julgamento de Alec Baldwin por homicídio involuntário começa nesta quarta-feira (10) em Santa Fe, com a abertura dos debates sobre o tiro que matou a diretora de fotografia do western "Rust". O ator americano de 66 anos pode pegar até 18 meses de prisão pelos acontecimentos de outubro de 2021, em um rancho no Novo México, onde fica Santa Fe (sudoeste dos EUA).

O artista estava segurando uma arma que supostamente continha apenas balas de festim, mas que disparou um projétil real, matando Halyna Hutchins, a diretora de fotografia do filme, e ferindo o diretor, Joel Souza.

O confronto entre a acusação e a defesa promete ser acirrado, pois o julgamento baseia-se em uma investigação marcada por muitas falhas e reviravoltas. Baldwin sempre afirmou que foi garantido a ele que a arma era inofensiva e nega ter apertado o gatilho. Seus advogados tentaram diversas vezes cancelar as acusações, sem sucesso.

Por meses, a insistência da defesa gerou dúvidas entre os promotores. Primeiro, conseguiram a substituição do promotor, depois a desistência das acusações no ano passado, até que Baldwin foi novamente acusado em janeiro deste ano.

Para a defesa, Baldwin é uma estrela de Hollywood em torno da qual promotores tentam ganhar notoriedade, em um caso acompanhado pela mídia mundial. A investigação nunca determinou como munição real - supostamente proibida - foi parar no set. Os advogados do ator insistem que ele não é responsável pela verificação das armas ou da logística.

No entanto, a acusação planeja apresentar Baldwin como um ator difícil, cujo comportamento e desrespeito pelas regras básicas de segurança colocaram toda a equipe de filmagem em risco. "A pressão de Baldwin sobre a equipe no set comprometeu regularmente a segurança", disseram os promotores em documentos judiciais, denunciando um ator que "gritava regularmente" com todos e queria terminar o filme rapidamente.

Expertise contestada

A acusação também acredita que o ator "mentiu descaradamente", mudando sua versão dos fatos após o seu primeiro interrogatório. Eles consideram a hipótese de um disparo acidental, central na defesa, como "absurda". Uma perícia do FBI concluiu que a arma não poderia ter disparado sem que o gatilho fosse apertado.

Mas a defesa contesta a perícia, pois a polícia federal danificou partes da arma ao realizar testes para explorar a possibilidade de um disparo acidental. Os advogados de Baldwin usaram esse argumento centralmente para tentar anular o julgamento.

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Vestido de preto e com expressão séria, Baldwin apareceu com sua esposa Hilaria e um de seus sete filhos na terça-feira para a abertura do julgamento. De óculos quadrados, ele fez algumas anotações durante o dia dedicado à seleção dos jurados. O processo ilustrou a dificuldade de encontrar pessoas imparciais para julgar sua responsabilidade. Entre as dezenas de convocados, apenas alguns levantaram a mão quando a juíza perguntou quem não sabia absolutamente nada sobre o caso.

A morte de Halyna Hutchins, diretora de fotografia de 42 anos originária da Ucrânia, que participou de documentários investigativos, chocou profundamente a indústria cinematográfica. O julgamento da armeira de "Rust", Hannah Gutierrez-Reed, que colocou a bala na réplica do revólver de época usado por Baldwin e foi condenada a 18 meses de prisão em abril, já foi amplamente seguido nos Estados Unidos.

O destino de Baldwin será igualmente observado de perto: sua condenação criaria um precedente histórico, capaz de desencorajar outros atores a usar armas reais durante as filmagens. As audiências devem durar até sexta-feira da próxima semana, antes da deliberação dos jurados.

(Com AFP)

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