Elon Musk e JK Rowling podem ser investigados na França por cyberbullying contra campeã olímpica argelina

O Centro Nacional de Combate ao Ódio Online da França divulgou, nesta quarta-feira (14), que iniciou uma investigação depois que a boxeadora argelina Imane Khelif, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris, apresentou uma queixa, no dia anterior, por assédio cibernético agravado, após ser vítima de controvérsia sobre seu gênero depois de sua primeira luta. Nomes como Elon Musk e JK Rowling, autora da saga Harry Potter, estariam na lista de investigados. 

A investigação aberta pelo Centro Nacional de Combate ao Ódio Online é por "assédio cibernético com base no gênero, insulto público com base no gênero, incitação pública à discriminação e insulto público com base na origem", segundo o escritório do promotor público de Paris. 

Os procedimentos da investigação serão repassados ao Escritório Central de Luta Contra os Crimes Contra a Humanidade e Crimes de Ódio. 

"Tendo acabado de ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a boxeadora Imane Khelif decidiu iniciar uma nova luta: por justiça, dignidade e honra", escreveu o advogado da campeã olímpica, Nabil Boudi, em um comunicado ainda no fim de semana. 

"A investigação criminal determinará quem iniciou essa campanha misógina, racista e sexista, mas também terá que examinar aqueles que alimentaram esse linchamento digital", acrescentou Boudi.

Elon Musk e JK Rowling denunciados 

De acordo com a revista americana Variety, o bilionário Elon Musk, dono da rede social X, e JK Rowling, autora da saga Harry Potter, conhecida por suas posições polêmicas, são citados na denúncia. 

 

Segundo o advogado, "o assédio injusto sofrido pela campeã de boxe continuará sendo a maior mancha desses Jogos Olímpicos". 

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Imane Khelif, 25 anos, venceu a final de 66 kg em 9 de agosto. Sua participação nos Jogos de Tóquio, no verão de 2021, não gerou nenhuma polêmica. 

A controvérsia em torno de seu gênero, liderada por círculos conservadores, tem origem em sua exclusão, como Lin Yu-ting, de Taiwan, do campeonato mundial em Nova Délhi, em março de 2023. 

Uma mulher como qualquer outra    

De acordo com a Federação Internacional de Boxe (IBA), Imane Khelif foi reprovada em um teste destinado a determinar seu gênero. Não reconhecida pelo mundo olímpico, a IBA se recusou a especificar que tipo de teste havia sido realizado. 

O COI, Comitê Olímpico Internacional, no entanto, considerou que ela poderia participar do torneio feminino nos Jogos. 

Depois que sua oponente no primeiro round, a italiana Angela Carini, desistiu da luta no primeiro minuto, a boxeadora argelina foi vítima de uma campanha de ódio e desinformação nas redes sociais, com um toque de racismo. Em particular, ela foi retratada como um "homem lutando contra mulheres". 

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"Sou uma mulher forte com poderes especiais. Do ringue, enviei uma mensagem àqueles que estavam contra mim", disse Imane Khelif à mídia após sua vitória. "Fui alvo de ataques e de uma campanha feroz, e essa é a melhor resposta que posso dar. A resposta sempre foi no ringue", acrescentou. 

"Sou totalmente elegível para participar, sou uma mulher como qualquer outra. Nasci mulher, vivi como mulher e competi como mulher", insistiu a campeã olímpica. 

Os atletas argelinos, incluindo os medalhistas Imane Khelif, a ginasta franco-argelina Kaylia Nemour e o corredor de meia distância Djamel Sedjati, receberam uma recepção triunfal em seu retorno a Argel na segunda-feira (12). 

A boxeadora vencedora da medalha de ouro fez questão de "agradecer ao povo argelino pelo apoio durante essa provação e por ter lhe dado força" diante de uma "campanha implacável". 

(Com informações da AFP)

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