Tufão Shanshan, um dos piores das últimas décadas, atinge Japão e deixa pelo menos três mortos

O tufão Shanshan atingiu nesta quinta-feira (29) a província de Kagoshima, localizada na ilha de Kyushu, a 1.000 quilômetros ao sul de Tóquio. A Agência Meteorológica do Japão emitiu seu nível de alerta mais elevado para ventos, chuvas fortes e ondas gigantes. O tufão é um dos mais intensos das últimas décadas e já deixou pelo menos três mortos.

Frédéric Charles, correspondente do Japão em Tóquio

O tufão Shanshan deve percorrer o país do oeste para leste nos próximos dias "com força total", prevê a Agência Meteorológica do Japão. Ele atingiu a província de Kagoshima com rajadas de até 250 km/h e ondas gigantes ao longo da costa. O ar quente e úmido ao redor do tufão associado à pressão está causando fortes chuvas.

As autoridades emitiram ordens de evacuação que afetaram milhões de moradores em sete municípios da ilha de Kyushu e recomendam extrema cautela contra "tempestades, ondas grandes, marés altas, inundações na área baixa e transbordamentos de rios". Mais de 254.000 casas estão sem eletricidade.

Cerca de 25 pessoas ficaram feridas na cidade costeira de Miyazaki e 195 edifícios foram danificados, segundo a agência AFP. De acordo com o canal japonês NHK, 59 pessoas ficaram feridas em toda a região de Kyushu. Um homem a bordo de um pequeno barco está desaparecido na costa sul da ilha.

"Nossa casa está de pé, mas houve um tornado em Miyazaki e cortes de energia em alguns lugares. É preocupante", disse à AFP Aoi Nishimoto, um estudante de 18 anos que mora em Fukuoka, a principal cidade da ilha, mas conseguiu falar com seus pais em Miyazaki.

"Este ano, estou longe da casa dos meus pais pela primeira vez. Então é um pouco assustador ficar sozinho", disse à AFP Ohtsuru, outro estudante de 19 anos entrevistado em Fukuoka, que fica no norte da ilha.

Toyota suspende produção

A NHK TV mostra fachadas de prédios rachadas, janelas quebradas, telhados danificados e árvores arrancadas.

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O secretário-geral do governo japonês alerta que o tufão está se movendo lentamente e provavelmente permanecerá sobre a terra por mais tempo devido às mudanças climáticas, o que continuará acarretando fortes chuvas.

Os tufões na região estão se formando mais perto da costa do que antes, intensificando-se mais rapidamente e permanecendo mais tempo sobre a terra devido ao aquecimento global, de acordo com um estudo publicado em julho.

A Agência Meteorológica alerta que "o risco de grandes desastres é extremamente alto".

O tufão também atingiu a Toyota, que suspendeu a produção de veículos em todas as suas fábricas.

A rede de transporte também foi afetada no sul do arquipélago japonês. A Japan Airlines e a ANA cancelaram mais de 500 voos no total na quinta e sexta-feira (30), afetando mais de 40.000 passageiros.

Muitas ligações ferroviárias também foram prejudicadas, incluindo o tráfego de trens de alta velocidade, que pode ser suspenso dependendo das condições climáticas desta semana.

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De 15 a 17 de agosto, outro tufão, Ampil, provocou o cancelamento de muitos trens e voos no Japão, mas causou apenas ferimentos leves e danos menores na costa do Pacífico, na área onde fica Tóquio.

Outro estudo divulgado na quinta-feira pela World Weather Attribution (WWA) mostrou que a mudança climática acelerou o tufão Gaemi, que matou dezenas de pessoas nas Filipinas, Taiwan e China no início deste ano.

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