Francês que drogou mulher também tentou dopar corretora de imóveis durante visita de apartamento

Após ter adiado seu depoimento nesta terça-feira (10) alegando problemas de saúde, o francês Dominique Pelicot, acusado de ter drogado sua mulher durante anos para que ela pudesse ser estuprada por dezenas de desconhecidos enquanto estava inconsciente, se prepara para depor nesta quarta-feira (11). A imprensa continua repercutindo o caso, revelando aos poucos outros crimes dos quais ele também é suspeito.

Dominique Pelicot, acusado por drogar a esposa para que ela fosse estuprada por desconhecidos, estará presente em seu julgamento, após ter sido "hospitalizado", anunciou o tribunal de Avignon, no sul da França, onde acontece o processo. "Não faria sentindo algum continuar sem sua presença", afirmou sua advogada Béatrice Zavarro, indicando que começou a passar mal na sexta-feira, mas não recebeu tratamento durante o fim de semana.

"Para que fique claro. O senhor Pelicot não está se esquivando. O senhor Pelicot estará presente e responderá a todas as preguntas", martelou a advogada aos jornalistas presentes diante do tribunal.

Enquanto isso, outras acusações visando o réu começam a surgir. Já se sabia que em 2010, Pelicot havia sido levado para a delegacia de Noisiel, na região parisiense, onde morava, por ter sido visto filmando embaixo das saias de clientes de um supermercado. Na época, como ele não tinha antecedentes criminais, foi solto após pagar uma multa de € 100 (pouco mais de R$ 600).

Dez anos depois, ele foi detido pela mesma razão em um shopping de Mazan, para onde se mudou. As imagens encontradas em seu telefone e, sem seguida, em seu computador, foram o estopim do caso envolvendo sua mulher, julgado desde a semana passada.

No entanto, o réu já havia sido investigado por tentativa de estupro em um caso que não foi solucionado pelo que parece ter sido um erro judicial. O caso ocorreu em 1999, quando Marion, uma corretora de imóveis de 19 anos, foi brutalmente agredida nos arredores de Paris durante a visita de um apartamento.

Na época, um cliente, que se apresentou como senhor Rigot, a atacou, a amarrou e tentou anestesiá-la com um pano embebido em éter. Quando começou a despi-la, ela reagiu e conseguiu escapar. Algumas gotas de sangue chegaram a ser encontradas no local, mas o dono do DNA permaneceu desconhecido para a polícia durante anos.

Provas extraviadas podem ter ajudado réu

Segundo foi revelado à imprensa francesa, os resultados dos exames de laboratório haviam sido enviados ao tribunal, mas foram extraviados e o processo ficou sem solução. Até 2020, quando a juíza Nathalie Turquey fez a conexão com o caso dos estupros de Mazan.

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A magistrada encarregada do caso Pélicot se deu conta que o retrato falado do agressor de Marion em 1999 era muito parecido com Dominique Pélicot mais jovem e, ao comparar o DNA nos arquivos do laboratório, constatou que os dois casos correspondiam.

Em outubro de 2022, durante uma audiência com Nathalie Turquey no tribunal de Nanterre, Dominique Pélicot foi confrontado com essa informação pela primeira vez. Sem hesitar, ele admitiu que havia "tido um impulso quando passou pela agência e viu a jovem [Marion]". Ele confessou tê-la a "agredido e despido", mas negou que tivesse a intenção de estuprá-la.

A partir desta quarta-feira, Dominique Pelicot será ouvido, mas o caso da tentativa de estupro da corretora de imóveis não está sendo julgado. O processo de Avignon se concentra nos crimes cometidos contra sua mulher, Gisèle Pelicot. Seu ex-marido e outros 50 homens podem ser condenados a até 20 anos de prisão por estupro com agravante neste caso, que chocou a França e provocou uma onda de indignação ao redor do mundo.

(Com agências)

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