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Disparos israelenses no Líbano atingem forças da ONU e ferem dois capacetes azuis

Após trocarem tiros com soldados da Força de Paz da ONU no Líbano na quinta-feira (9), soldados israelenses atacaram nesta sexta-feira (11) um posto de observação da missão. Uma fonte das Nações Unidas indicou que as tropas de Israel atiraram nesta manhã contra o quartel-general em Naqura, no sul do Líbano, deixando ao menos dois feridos.

De acordo com um novo balanço do ministério libanês da Saúde, 22 pessoas foram mortas e 117 feridas nos ataques em Beirute que visaram, segundo a agência oficial ANI, o bairro residencial densamente povoado de Ras al-Nabeh e o adjacente de Noueiri. A AFPTV mostrou duas colunas de fumaça se elevando sobre a capital libanesa. Um dos ataques tinha como alvo um responsável do Hezbollah, informou uma fonte de segurança libanesa à AFP.

Este é o terceiro ataque da aviação israelense, que concentra a maioria de suas operações na periferia sul de Beirute, bastião do Hezbollah, desde o início de suas intensas operações contra o movimento libanês pró-Irã em 23 de setembro.

O exército israelense disse ter eliminado, em um ataque aéreo, o chefe da Jihad Islâmica do campo de Nour Shams, na Cisjordânia, Mohammed Abdullah. A Jihad Islâmica, um movimento islâmico bem implantado nos campos de refugiados do norte da Cisjordânia, não confirmou imediatamente a informação.

Ataque contra ONU

No Líbano, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Finul), implantada entre os dois países denunciou disparos "repetidos" das tropas israelenses contra suas posições, sendo que um desses disparos feriu dois capacetes azuis na quinta-feira, desencadeando protestos dos países contribuintes a essa força, como Itália, França, Espanha e Irlanda.

A Itália, que tem o maior contingente, com 900 soldados na missão da ONU, mencionou possíveis "crimes de guerra". Os Estados Unidos expressaram estar "muito preocupados" com essas informações.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, qualificou o incidente como "inaceitável". O exército israelense afirmou ter disparado "próximo" ao quartel-general da Finul, esclarecendo que pediu aos soldados da ONU que permanecessem "em áreas protegidas".

A força de paz da ONU, que tem 10 mil soldados destacados no sul do país, vem pedindo desde o início da escalada entre o exército israelense e o Hezbollah que as hostilidades cessem.

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"Disparos em tudo que se move"

Na Faixa de Gaza, onde Israel intensifica novamente seus bombardeios e operações em terra, o Crescente Vermelho palestino anunciou na quinta-feira a morte de 28 pessoas em um ataque à escola Rafidah em Deir el-Balah (centro), que abrigava famílias deslocadas, resultando também em 54 feridos. O exército israelense mencionou um ataque aéreo "preciso" contra "terroristas" que operavam "em edifícios que anteriormente serviram" como escola.

Israel concentrou suas forças na frente libanesa, aproveitando o enfraquecimento do Hamas após um ano de guerra em Gaza. Mas, alegando uma tentativa do movimento islamista palestino de reconstruir suas capacidades no norte de Gaza, cercou Jabalia desde domingo, bombardeando a área, da qual os civis fogem em pânico, no meio dos escombros.

"Não para, a cada minuto, há explosões, foguetes e disparos em prédios e em tudo que se move", descreve à AFP Areej Nasr, uma mulher de trinta anos que fugiu de Jabalia para a cidade de Gaza. De acordo com o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmoud Bassal, pelo menos 140 pessoas morreram em Jabalia desde o início da operação, e "um grande número" de civis permanece preso sob os escombros, com os socorristas incapazes de intervir devido às condições de segurança.

O exército israelense anunciou que três de seus soldados foram mortos no norte da Faixa de Gaza, elevando suas perdas para 353 soldados no último ano. Pelo menos 400.000 pessoas estão encurraladas na área, segundo a ONU. A Comissão de Inquérito Independente Internacional das Nações Unidas, mencionando "crimes contra a humanidade", acusou na quinta-feira Israel de atacar deliberadamente as instalações de saúde de Gaza.

"Cercados"

Israel também realizou na quinta-feira novas operações no sul e no leste do Líbano, outros bastiões do Hezbollah, segundo a ANI. O exército, que lançou operações terrestres em 30 de setembro contra o Hezbollah no sul do país, afirmou ter mirado desde o dia anterior "mais de 110 alvos" do movimento.

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"Não queremos estar envolvidos no conflito", mas "nos encontramos cercados", testemunha Joseph Jarjour, 68 anos, na aldeia cristã de Rmeich, muito próxima da fronteira. Desde outubro de 2023, mais de 2.000 pessoas foram mortas no Líbano, das quais quase 1.200 desde 23 de setembro, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais.

Segundo o coordenador da missão humanitária da ONU ao Líbano, Imran Riza, o país enfrenta "um dos períodos mais mortais" de sua história. Ele avaliou em 600.000 o número de pessoas deslocadas dentro do Líbano. Durante uma conversa telefônica na quarta-feira, o presidente americano Joe Biden pediu a Benjamin Netanyahu que "reduzisse ao máximo o impacto" sobre os civis, especialmente em Beirute, ao mesmo tempo que "afirmava o direito de Israel de proteger seus cidadãos do Hezbollah".

Há um ano, Israel e Hezbollah trocam disparos na fronteira, com mais de 2.000 mortos no total. Desde 23 de setembro, quando os bombardeios se intensificaram no leste do Líbano e sul de Beirute, cerca de 1.200 pessoas morreram e quase 1 milhão tiveram que deixar suas casas, segundo um balanço da AFP feito a partir de números oficiais.

Em 27 de setembro, bombardeios israelenses mataram o então líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um bairro do sul da capital. O ataque desta quinta foi o terceiro da aviação israelense em Beirute desde 23 de setembro.

Outro ataque, ocorrido no início de outubro, atingiu os serviços de emergência do Hezbollah, matando sete socorristas. Em 30 de setembro, três integrantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) morreram em outra ação israelense.

A guerra em Gaza foi desencadeada em 7 de outubro de 2023, com o ataque do Hamas a Israel, que resultou na morte de 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em números oficiais israelenses e incluindo os reféns mortos ou mortos em cativeiro em Gaza. Os combates e bombardeios devastaram setores inteiros do pequeno território palestino e deslocaram quase todos os seus 2,4 milhões de habitantes.

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Pelo menos 42.065 palestinos foram mortos, em sua maioria civis, na ofensiva israelense em Gaza, de acordo com os dados do ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU. Na terça-feira, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu advertiu que o Líbano poderia sofrer o mesmo destino que Gaza.

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