EUA: campanha de Trump 'flerta com machismo' enquanto celebridades 'têm medo' de apoiar Harris

Na reta final das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcada para 5 de novembro, já considerada uma das mais acirradas da história, a imprensa francesa analisa o apoio eleitoral nas campanhas do republicano Donald Trump e da democrata Kamala Harris. De um lado, Trump se apoia no machismo, teorias da conspiração e no bilionário Elon Musk; do outro, a democrata conta com a timidez do apoio de figuras públicas, além de contrariedades no que diz respeito à participação dos EUA em conflitos.

O jornal Le Monde desta quarta-feira (23) acusa que Trump "flerta com o machismo" e faz referências ao mundo da luta livre para incentivar os homens que perderam o interesse pela política a votar nele. A publicação cita o astro da luta livre Hulk Hogan e Dana White, o presidente da polêmica liga de artes marciais mistas UFC, que declarou em setembro à revista Time considerar Trump "o verdadeiro 'gladiador' americano". 

O diário francês aborda ainda a camapanha trumpista baseada na cultura do "Make America great again bro", que, segundo a publicação, mostra com clareza na reta final da campanha presidencial, o fenômeno da diferença entre o voto masculino e o feminino nos EUA.

A diferença é ainda maior quando se trata dos segmentos mais jovens da população, que admiram a franqueza e "virilidade" do ex-presidente, mas ignoram os problemas legais de Donald Trump.  

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Le Monde comenta ainda as teorias conspiratórias, cuja difusão tem até mesmo apoio de Elon Musk, dono da rede social X, com divulgação de vídeos que denunciam a administração Biden-Harris e negação sobre a invasão violenta de apoiadores de Trump ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. 

Figuras públicas em apoio "discreto"

O jornal Le Parisien critica a postura de artistas de Hollywood a cerca de duas semanas do pleito americano com a manchete "Em Hollywood, o retorno dos filmes mudos" e uma foto do ator George Clooney.

A publicação parisiense aponta que as estrelas estão demonstrando seu apoio "de forma muito discreta", especialmente depois do escândalo do caso P. Diddy e outras razões midiáticas como o fato que o jornal relembra sobre a Netflix teria perdido quase 3% de seus assinantes em julho a pedido de boicote pelo grupo de Trump, quando seu cofundador, Reed Hastings, anunciou publicamente seu apoio à candidata Kamala Harris

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"É certo que algumas figuras importantes do Partido Democrata, como Meryl Streep, Ben Stiller e Jennifer Aniston, estão orgulhosamente demonstrando seu apoio a Kamala Harris. Mas as celebridades estão mantendo um perfil muito mais discreto. Será que é o medo de serem submetidas à força bruta das redes sociais, que podem destruir uma carreira? Ou o teor dessa campanha, cujos dois temas principais - poder aquisitivo e imigração - não combinam muito com o glamour dos tapetes vermelhos?", questiona um trecho do Parisien.

Ao mesmo tempo, a Franceinfo traz uma reportagem em seu site questionando "Como seria o segundo mandato de Donald Trump na Casa Branca?". O portal explica que, se for eleito novamente, o republicano planeja introduzir uma política econômica protecionista e lançar "a maior operação de deportação da história dos Estados Unidos". 

Franceinfo destaca ainda um dos pontos-chave dessa campanha acirrada, o apoio americano sobre as guerras em andamento na Ucrânia e no Oriente Médio.

Sobre os temas, Donald Trump garante aos seus eleitores que "resolverá a horrível guerra entre a Rússia e a Ucrânia" em "24 horas", sem explicar como pretende fazer isso. O magnata americano também é um crítico de longa data da Otan, mas não promete "nenhuma grande mudança na política" em relação ao conflito no Oriente Médio, se voltar à Casa Branca. 

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