Conferência em Paris arrecada US$ 1 bilhão em apoio humanitário e militar para o Líbano

Uma conferência em Paris dedicada ao Líbano arrecadou cerca de US$ 800 milhões (cerca de R$ 4,5 bilhões) em ajuda humanitária para o país, nesta quinta-feira (24), mas pouco progresso diplomático foi feito para a paz na região, enquanto os combates entre Israel e Hezbollah continuam massacrando a capital e o sul do Líbano.

 

"No total, arrecadamos US$ 800 milhões em ajuda humanitária", disse o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noel Barrot, aos participantes ao final da conferência.

Ele acrescentou que havia mais "US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) para as forças de segurança", totalizando "mais de um bilhão (...) com as contribuições mais recentes".

O total supera em muito a meta da França de € 500 milhões (R$ 3 bilhões) e os € 400 milhões (R$ 2,4 bilhões) originalmente solicitados pela ONU para o Líbano, onde Barrot afirmou que mais de 2.500 pessoas foram mortas e "quase um milhão" deslocadas devido aos combates, desde o final de setembro.

Israel lançou uma ofensiva terrestre contra o Hezbollah, grupo apoiado pelo Irã, no sul do Líbano, em 23 de setembro.

Progresso diplomático em Paris foi limitado

Embora houvesse repetidos apelos por um cessar-fogo, o progresso diplomático em Paris foi limitado pela ausência de representantes de nações importantes, como Israel e Irã, enquanto os Estados Unidos estavam representados apenas pelo vice do secretário de Estado, Antony Blinken.

Ministros e autoridades de mais de 70 países e organizações internacionais, incluindo a União Europeia e o primeiro-ministro libanês interino, Najib Mikati, participaram da conferência nesta quinta-feira.

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"Conseguimos arrecadar à altura da situação" em apoio financeiro, disse Barrot aos participantes, com investimentos significativas, incluindo € 100 milhões (R$ 616 milhões) da França, € 95 milhões (R$ 585) da Alemanha e pelo menos € 17 milhões (R$ 104 milhões) do Reino Unido.

Solução diplomática necessária

No entanto, "não podemos nos limitar a uma resposta humanitária e de segurança. Temos que promover uma solução diplomática", acrescentou Barrot.

A França, que tem laços históricos com o Líbano e abriga uma grande comunidade libanesa, está pressionando, junto com os EUA, por um cessar-fogo de 21 dias para dar espaço para encontrar uma trégua mais duradoura.

Paris deseja um retorno à Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que selou o fim da última guerra entre Israel e Hezbollah em 2006.

"A guerra deve terminar o mais rápido possível, deve haver um cessar-fogo no Líbano", disse o presidente francês Emmanuel Macron, ao lado do premiê libanês Mikati.

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O chefe do governo libanês, por sua vez, fez um apelo à "comunidade internacional para se unir e apoiar os esforços para implementar um cessar-fogo imediato".

Além de estipular que as únicas forças armadas na fronteira do Líbano com Israel devem ser os capacetes azuis da ONU e o Exército libanês, a resolução afirma que nenhuma força estrangeira deve entrar no Líbano sem o consentimento do governo.

Por isso, os participantes prometeram apoio às tropas libanesas, com Macron afirmando que Paris "contribuirá para equipar o Exército libanês".

Deslocamento em massa

Em videoconferência, o secretário-Geral da ONU, Antonio Guterres, também pediu aos participantes que "fortalecessem seu apoio às instituições estatais do Líbano, incluindo as forças armadas libanesas".

O Hezbollah deve "parar suas provocações e ataques indiscriminados" contra Israel, disse Macron.

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Embora Israel tenha eliminado líderes do Hezbollah nas últimas semanas, ele "sabe pela experiência que seus sucessos militares não representam necessariamente uma vitória no Líbano", afirmou o presidente francês.

A guerra deslocou um milhão de pessoas no país, matou mais de 2.500 e aprofundou uma devastadora crise econômica.

A Organização Internacional para Migração afirma que muitos libaneses se encontram agora em abrigos superlotados, enquanto outros fugiram para a Síria.

"Qualquer coisa que não leve a um fim imediato da destruição e dos assassinatos tornaria esta cúpula um fracasso", disse Bachir Ayoub, chefe da Oxfam no Líbano, antes do término da conferência.

Desrespeito

A Oxfam foi uma das mais de 150 organizações de ajuda a denunciar na quinta-feira "o desrespeito flagrante pelo direito internacional por parte da comunidade internacional" em relação às ações militares de Israel em Gaza, na Cisjordânia e no Líbano.

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O chefe do Programa de Desenvolvimento da ONU, Achim Steiner, alertou que a economia do Líbano "está começando a colapsar sob a pressão deste conflito", prevendo uma contração de mais de 9% este ano, se a guerra continuar.

Isso pode dificultar os esforços para fortalecer as instituições do Líbano e, especialmente, suas forças armadas "para preservar a unidade, a estabilidade e a soberania do país", segundo Barrot.

"A Resolução 1701 continua sendo a pedra angular da estabilidade e segurança no sul do Líbano", disse Mikati, reafirmando a visão da França.

(Com agências)

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