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Em luta contra o tempo, Espanha busca 'dezenas e dezenas' de desaparecidos em enchentes

30.out.2024 - Um membro da Proteção Civil carrega uma criança em uma rua coberta de lama em uma área inundada em Picanya, perto de Valência Imagem: Jose Jordan / AFP

Angélica Pérez;

31/10/2024 17h27Atualizada em 31/10/2024 17h57

A Espanha continua à procura de vítimas das piores enchentes em 50 anos no país. "Dezenas e dezenas" de pessoas continuam desaparecidas na região de Valência, indicou um ministro do governo espanhol. As chuvas causaram a morte de pelo menos 158 pessoas e o número deve aumentar.

A Espanha continua à procura de vítimas das piores enchentes em 50 anos no país. "Dezenas e dezenas" de pessoas continuam desaparecidas na região de Valência, indicou um ministro do governo espanhol. As chuvas causaram a morte de pelo menos 158 pessoas e o número deve aumentar.

As operações de resgate não cessaram durante o dia e contaram com o apoio de mergulhadores, helicópteros e cães farejadores nas áreas afetadas, no leste espanhol. Quase mil soldados participam das buscas por possíveis sobreviventes, além de limpar os destroços deixados pelas chuvas torrenciais.

"É horrível porque você vê como a água bate nas paredes da casa, você sente nos pés. Você não sabe se a sua casa vai desabar ou se você vai perder a vida com o seu marido", conta à RFI Mari Carmen Rodríguez, que se refugiou com o companheiro, Pepe, em um centro de acolhimento de Alquería de Bàsquet, em Valência.

A água surpreendeu o casal na casa deles em Manises, nas proximidades do aeroporto. "Levou todas as casas e esperávamos que levasse a nossa também. Estávamos no topo e a água não parava, ficando cada vez mais forte", relata.

Os dois aguardaram por socorro, no telhado da casa, durante quase 12 horas. "Só podíamos sair de helicóptero. Não havia outra opção", lembra o homem, emocionado. O casal perdeu tudo. Segundo eles, o alerta de enchentes das autoridades só chegou quando os dois já estavam no telhado.

Do total de mortes, 155 ocorreram só na região de Valência, a mais devastada pelas correntes de lama que arrasaram localidades entre a noite de terça-feira (29) e a manhã de quarta-feira (30). Outras duas mortes foram registradas na província vizinha de Castilla-La Mancha, e mais uma na Andaluzia.

Autoridades esperam o pior

As autoridades não esconderam que é esperado um balanço pior de vítimas - nenhuma indicação sobre o número de pessoas desaparecidas foi concedida. O ministro da Política Territorial, Ángel Víctor Torres, apresentou uma estimativa sobre este assunto ao declarar, durante uma conferência de imprensa em Madri, que havia "dezenas e dezenas" de pessoas desaparecidas.

O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, pediu para os habitantes das zonas afetadas "ficarem" em casa para evitar riscos, à medida que o fenômeno meteorológico continua.

Sánchez, que visitou esta quinta-feira o centro de coordenação de trabalhos de emergência em Valência, reiterou o seu compromisso de procurar todas as pessoas desaparecidas "por terra, mar e ar" e utilizar "todos os meios, o tempo que for necessário e todos os recursos possíveis".

Sem luz

Milhares de pessoas continuavam sem luz em Valência. Muitas estradas permanecem fechadas, inclusive devido ao acúmulo de veículos arrastados pelas águas, cobertos de lama e lixo.

O trem que liga Madri a Valência deve permanecer paralisado durante pelo menos mais três semanas, informou o ministro dos Transportes.

O sol voltou a aparecer nesta quinta-feira, 48 horas depois da tragédia, produzindo um contraste desolador com a destruição vista em todas as localidades da região. Em Paiporta, cidade de 25 mil habitantes nos subúrbios ao sul de Valência, pelo menos 62 pessoas morreram, segundo a prefeita, Maribel Albalat.

Ainda atordoados, os moradores tentavam limpar as ruas, cobertas de lama viscosa, num cenário apocalíptico. "Não existe mais um negócio em pé", disse David Romero, um músico de 27 anos, a um jornalista da AFP.

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