A quatro dias da eleição nos EUA, Harris e Trump visam eleitores indecisos em Wisconsin

A quatro dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, Donald Trump e Kamala Harris estão nesta sexta-feira (1º) em Milwaukee, no altamente disputado estado de Wisconsin, para tentar convencer os eleitores indecisos. O magnata de 78 anos também irá a Dearborn, no Michigan - a cidade americana com a maior população de origem árabe, um eleitorado que se distanciou dos democratas por causa do apoio à guerra travada por Israel em Gaza.

Bishara Bahbah, presidente da organização Árabes Americanos com Trump, confirmou à AFP uma reunião em um local que mantém em segredo, por motivos de segurança. Ele disse que o encontro contará com a presença de 40 pessoas.

Ao chegar em Madison, a candidata democrata afirmou que a violência verbal do republicano o "desqualifica" para disputar a Casa Branca. Ela se referia ao comentário de seu adversário sobre a ex-parlamentar Liz Cheney. À imprensa, Harris afirmou que Trump "sugeriu que rifles fossem apontados contra a ex-congressista Liz Cheney".

"Isto deve ser desqualificativo. Alguém que quer ser presidente dos Estados Unidos e que utiliza este tipo de retórica violenta está claramente desqualificado" para o cargo, enfatizou a vice-presidente.

Na quinta-feira (31), Trump acusou Cheney de ser uma "belicista radical". "Vamos colocar uma arma na mão dela, enfrentando nove canos de armas atirando contra ela. Vamos ver o que ela pensaria. Você sabe, com as armas apontadas para ela", disse Donald Trump, evocando a imagem de um pelotão de fuzilamento.

A mais famosa opositora republicana de Donald Trump, filha do ex-vice-presidente de George W. Bush, respondeu no X: "Não podemos confiar o nosso país e a nossa liberdade a um homem mesquinho, vingativo, cruel e instável que pretende ser um tirano".

Wisconsin ilustra volatilidade de "Estados pêndulo" dos EUA

Em Milwaukee, Harris contará com o apoio do rapper Cardi B, depois de já ter obtido o apoio de Beyoncé, Bruce Springsteen, Jennifer Lopez e do astro do basquete LeBron James.

Wisconsin é uma amostra de quão imprevisíveis estas eleições podem ser. Ao lado de Pensilvânia e Michigan, o estado formava o "muro azul", a cor dos democratas, ou seja, contribuíam para empurrar os candidatos deste partido para a Casa Branca. Mas isso era antes da entrada do ex-presidente republicano Donald Trump na política.

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Este estado apoiou Trump em 2016 e seu sucessor, o democrata Joe Biden, em 2020, com menos de um ponto percentual de diferença de cada vez.

Trump retornará ao local onde foi nomeado candidato presidencial do seu partido, em julho, na Convenção Nacional Republicana, quando ainda estava com uma orelha enfaixada após ter sido ferido em uma tentativa de assassinato.

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As pesquisas de intenções de votos estavam favoráveis a Trump, fortalecido após o atentado e de um debate desastroso com o então candidato democrata, Joe Biden. Mas o cenário mudou desde que o presidente, de 81 anos, se retirou da disputa e passou o bastão para Harris.

Impulsionada pelo entusiasmo, a democrata de 60 anos tornou-se um fenômeno político e reduziu a vantagem de Trump nas pesquisas. Desde então, estão praticamente em empate técnico.

A equipe de Trump já começou a disseminar nas redes sociais a ideia de que existem irregularidades nos sistemas de votação. As autoridades da Geórgia, um importante estado do sul, alertaram nesta sexta-feira para um vídeo falso que mostrava um imigrante haitiano alegando ter podido votar várias vezes. As imagens de 20 segundos, que viralizaram, é resultado da campanha de desinformação russa que atinge o pleito americano, segundo especialistas.

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País sob tensão teme surto de violência

Há também receios de que, em caso de derrota, Trump se recuse a aceitar o resultado, como fez em 2020. Muitos americanos preveem um possível surto de violência depois do dia da votação, 5 de novembro, se Kamala vencer. A chefe da polícia de Washington, Pamela Smith, afirmou em uma coletiva de imprensa esta semana que não há "ameaças confiáveis" contra a capital.

As imagens de uma multidão de apoiadores de Trump atacando o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, em uma tentativa de impedir a certificação da vitória eleitoral de Biden, estão nas lembranças de todos. As autoridades estão em "alerta", disse Smith.

A polícia respeitará os protestos pacíficos, garantiu, mas não tolerará "qualquer tipo de violência". "Não toleraremos quaisquer distúrbios, não toleraremos a destruição de propriedades, não toleraremos qualquer comportamento ilegal", alertou.

Cerca de 63,5 milhões de pessoas votaram antecipadamente no pleito, mais de 40% do total de votos registrados em 2020.

Com informações da AFP

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