ONGs denunciam a presença de quase 1.800 lobistas de combustíveis fósseis na COP do Azerbaijão
De acordo com diversas organizações não governamentais, pelo menos 1.773 lobistas dos combustíveis fósseis estão presentes na COP29 no Azerbaijão, um importante país produtor de petróleo. Um número alarmante para os defensores do meio ambiente, já que a conferência mundial desta sexta-feira (15) é dedicada à energia e os combustíveis fósseis são responsáveis ??por 90% das emissões de CO2.
À entrada da COP em Baku, um pequeno grupo de ativistas levantou cartazes pedindo o fim dos combustíveis fósseis. Na sua mira estão os 1.773 representantes dos setores mais poluentes: petróleo, gás e carvão credenciados este ano para o evento.
A contagem realizada pela coligação de 450 ONGs "Kick big polluters out" ("Expulse os grandes poluidores", em tradução livre) destaca um problema real aos olhos dos ativistas ambientais. "É simplesmente inaceitável que estas pessoas tenham acesso a negociações que visam limitar as alterações climáticas", exclama Scott Kirby, um ativista britânico presente no Azerbaijão. "Embora a ciência seja clara: temos de acabar com a exploração de combustíveis fósseis. Por que eles ainda podem participar?", pergunta.
O CEO da francesa TotalEnergies, Patrick Pouyanné, é, por exemplo, uma das grandes figuras do setor petrolífero presente na sexta-feira, com muitos outros empresários, ministros de Energia e consultores de todo o mundo.
Lobistas entre as maiores delegações
Os representantes dos combustíveis fósseis são menos numerosos que no ano passado, mas isto acontece sobretudo porque a COP é menor, acredita o ativista. Cerca de 53 mil pessoas estão credenciadas este ano (excluindo pessoal técnico e organizadores), segundo a ONU. E, segundo as ONGs, os lobistas dos combustíveis fósseis superam as delegações de quase todos os países, exceto a do Azerbaijão (2.229), do Brasil (1.914), país anfitrião da COP30, e da Turquia (1.862).
"O fato de as últimas três COPs terem sido organizadas em países produtores de petróleo agrava o problema", continua Scott Kirby. E também vimos nos últimos dois anos que, entre os organizadores, alguns aproveitam a COP para vender contratos de petróleo e gás, o que é totalmente inapropriado".
ONG pede proibição de empresas de petróleo e gás
Qualquer que seja o número exato, a presença de interesses no petróleo, no gás e no carvão nas COPs é real e tem sido desde há muito tempo uma fonte de controvérsia. A nomeação do Sultão Al Jaber, chefe da petrolífera dos Emirados Árabes Unidos, como presidente da COP28, no ano passado, em Dubai, gerou fortes críticas. Mesmo que, em última análise, esta COP tenha resultado no primeiro apelo ao início da saída dos combustíveis fósseis. Segundo a coligação de ONGs, um número recorde de pessoas ligadas a interesses no setor fóssil participou do evento.
"Nem é preciso dizer que ninguém na TotalEnergies participa de forma alguma nas negociações entre estados, nem tem acesso a espaços de negociação", esclareceu a empresa francesa sobre a sua presença em Baku. Entretanto, as ONGs apelam à ONU para que impeça a participação de representantes das empresas de petróleo e gás.
(Com AFP)
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